Dani Cunha - Comunicação TJ
Dia 8 de março é uma data de reconhecimento internacional de conquistas sociais, culturais e políticas para as mulheres. Um mês marcado por reflexões acerca do papel da mulher na sociedade e acima de tudo, na busca da igualdade de direitos. Desembargadores do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) prestam homenagem às mulheres e reiteram a importância dessa data, especialmente nos dias atuais, em que, cada vez mais, elas lutam pela equidade de gênero, empoderamento e por seu espaço.
A vice-presidente do TJMT, desembargadora Maria Helena Gargaglione Póvoas afirma que há muito que comemorar no Dia da Mulher, porém, segundo ela, é um momento também para refletir. “Temos que continuar na luta pela garantia de direitos, respeito e, acima de tudo, a consciência do nosso papel na sociedade.”
Trajetória marcada pelo pioneirismo, Maria Helena Póvoas foi a primeira mulher a presidir a Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e a primeira mulher a tomar posse no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) em vaga destinada ao Quinto Constitucional pela Ordem dos Advogados. Foi vice e presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) e hoje faz parte da gestão do TJ, ocupando o posto de vice-presidente. Desde o início, a magistrada sempre acreditou que a mulher deve ter a consciência do seu papel na ampliação dos espaços já conquistados na sociedade.
“Desde muito cedo me aproximei dos movimentos de classe, de grandes discussões a respeito de termos de interesse de todas nós porque entendo que é se aliando aos segmentos que se ganha espaço. Foi aí que passei a discutir, opinar e especialmente me posicionar. Nós mulheres temos o preparo e condições suficientes para estarmos em qualquer esfera da sociedade discutindo aquilo que interessa a todas nós. As mulheres precisam buscar seus caminhos. Desejo a todas as mulheres, especialmente as magistradas e servidoras do Poder Judiciário, ousadia para chegarem onde quiserem.”
Na carreira da magistratura desde 1989, a desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos conta que uma das dificuldades da mulher é conciliar carreira com os afazeres de casa, já que a rotina de trabalho é atribulada, mas sempre contou com o auxílio do marido. Porém, ela sabe que isso não ocorre em todos os lares, onde muitas mulheres precisam se desdobrar em jornadas no emprego e em casa, sem o apoio de seus companheiros. Culturalmente falando, as mulheres conquistaram seu espaço ao longo dos anos, mas ainda há muito que ser conquistado.
A desembargadora recorda que logo que passou no concurso da magistratura, atuou como juíza na Comarca de Jaciara, aos 27 anos de idade e em um dia que estava na sala de audiência, um advogado, senhor já de idade, entrou na sala onde ela estava com uma assessora pedindo para falar com o juiz. A então juíza respondeu: sim, sou eu, o senhor pode falar. O homem, então pediu um minuto e sem falar nada saiu da sala. Em seguida bateu na porta, entrou e disse: excelência dá licença.
“Eu disse a ele que não precisava se preocupar com aquilo, mas ele disse que era necessário sim e se explicou dizendo que quando chegou ao Fórum esperava encontrar um homem, mais velho e viu uma juíza, mulher, e bem mais nova. Falou que era uma novidade para ele porque normalmente juiz era homem. O estereotipo do magistrado naquela época não era uma mulher e jovem, já que então em Mato Grosso havia apenas seis juízas aproximadamente. Hoje essa realidade mudou, as mulheres estão acreditando mais em si, elas estudam, se dedicam, esforçam, mesmo com casa e filhos para cuidar. Temos mulheres taxistas, motoristas de aplicativo, de caminhão, exercendo profissões eminentemente masculinas. Sou professora e vejo muitas mulheres levando filhos para faculdade e mulheres mais velhas também voltando a estudar. A mulher enxergou que pode fazer o que quiser”, afirma.
E é sobre conquistas que a desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho ressaltou a importância dessa data. Em meio a um mundo onde se fala de empoderamento, ainda existem altos índices de violência contra a mulher. A mensagem da magistrada é no sentido de buscarem o melhor para suas vidas, lutarem pelos seus direitos e não desistirem de um futuro melhor. “Procurem ajuda, denunciem a violência para que consigam fazer valer seu direito de ser uma pessoa feliz, sem traumas, preservando a integridade física e emocional. Lutem pelos seus ideais porque vocês podem chegar onde quiserem. A jornada da mulher às vezes é tripla, tendo que conciliar casa, emprego e até sendo provedora do lar. Persistam, não desanimem, sejam muito felizes e que Deus ampare sempre.”
Além do Dia Internacional da Mulher, o início do mês de março é de muita comemoração para a desembargadora Clarice Claudino da Silva, tanto como a mulher, quanto a profissional. No dia 6 ela comemora dez anos de acesso ao desembargo, a promoção para a Comarca de Cáceres se deu no começo de março e seu aniversário é no dia 9.
“Tenho duas filhas, quatro netas, só dois netos. A predominância das mulheres é uma marca na minha vida, na minha família. A maioria da minha equipe é composta por mulheres e eu sempre vivo cercada de boas e excepcionais mulheres. No tribunal tomo como exemplo mulheres maravilhosas que temos hoje fazendo parte do colegiado, mulheres aparentemente frágeis, mas que no seu interior são muito competentes e fortes, que são aquelas pessoas que fizeram caminho, abriram estradas para que outras hoje possam trilhar num caminho já pavimentado. Nunca me esqueço de fazer referência à minha mestra, minha professora Shelma Lombardi de Kato, que sempre foi um ícone. Tenho também uma grande referência e exemplo na pessoa da desembargadora Maria Helena Póvoas, que é, particularmente, além de amiga, um exemplo na advocacia, na magistratura”, comenta.
Clarice Claudino afirma estar cercada de mulheres que fizeram a diferença e se sente privilegiada e agradecida de estar nesse contexto partilhando ideias, inovações e métodos que possam humanizar mais a justiça. “É um registro da minha história pessoal, das práticas consensuais e fazer com que a gente possa deixar boas ações na vida das pessoas. Ser lembrada um dia como alguém que tinha propósitos pacificadores e fez todo o seu melhor, todo seu empenho para que isso fosse uma consolidação, uma realidade na vida de muita gente. A melhor mensagem que podemos deixar é de esperança. Tenho a plena convicção de que estamos construindo, aos poucos, uma consciência maior a respeito do quanto é importante, do quanto agrega valores a união de esforços de homens e mulheres.”
A reflexão sobre a independência emocional neste dia 8 foi apontada pela desembargadora Marilsen Andrade Addario, sobre o olhar para si. “Não obstante as mulheres hoje tenham conquistado mais espaço no mercado de trabalho, nas escolas, nos cursos superiores, ela ainda sofre por falta de independência emocional. Nós mulheres temos que nos preocupar não só com independência financeira, profissional. Temos visto violência contra as mulheres, bem colocadas no mercado de trabalho, financeiramente estáveis, mas ainda assim, emocionalmente dependentes, sofrendo violência, se submetendo e se calando. É uma data para refletirmos”, pondera.
O mesmo entendimento acerca da reflexão nesse Dia da Mulher é compartilhado pela desembargadora Maria Erotides Kneip, ao mencionar o número expressivo de casos de violência contra a mulher e feminicídios em Mato Grosso. Mas ela diz também que deve-se comemorar tudo o que já foi conquistado até hoje, como a implementação da Redes de Proteção à Mulher Vítima de Violência Doméstica, que já atua em vários municípios do Estado.
“Constatamos que somente onde as redes estavam efetivamente funcionando é que houve uma redução dos números, principalmente do feminicídio. Isso é um ganho e uma demonstração que é preciso implementar as redes de proteção em todas as cidades do estado principalmente aquelas menores, de menor população para que a mulher saiba a quem recorrer, que ela se sinta protegida contra a violação dos seus direitos humanos.”
Para Maria Erotides, o dia 8 de março é uma data muito importante porque movimenta o mundo feminino e faz com que as próprias mulheres repensem a sua condição. A mensagem da desembargadora para este dia é de agradecimento a todas as mulheres, em especial servidoras e magistradas. “Elas estão se envolvendo cada vez mais nessa luta, nesse enfrentamento da violência doméstica. Aqui no tribunal e em todo estado tenho tido apoio muito grande no enfrentamento da violência doméstica. Esse envolvimento dos servidores do Poder Judiciário é muito importante no acolhimento das mulheres. Precisamos cuidar umas das outras, respeitar o espaço uma das outras, valorizar o trabalho de cada uma, reconhecendo que são capazes e nunca diminuir as qualidades que elas têm.”
O presidente do TJMT, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha também prestou sua homenagem às mulheres destacando que a data é símbolo da luta das mulheres por direitos humanos. “É um momento para refletirmos sobre o longo caminho percorrido na trilha da igualdade entre homens e mulheres. Ainda temos muito o que avançar nessa seara e o Poder Judiciário tem feito sua parte. Temos colocado em prática campanhas e projetos em defesa da igualdade de gênero, pois entendemos que somos detentores dos mesmos direitos e deveres. Essa é uma luta de todos! Às mulheres guerreiras, magistradas, servidoras e colaboradoras do Poder Judiciário do Estado, desejo um feliz Dia da Mulher.”
O corregedor-geral da Justiça, desembargador Luiz Ferreira da Silva ressaltou a importância dos homens estarem inseridos nesse contexto, em prol da luta das mulheres. “Todos os anos, no dia 8 de março, a pauta dominante é a luta das mulheres por igualdade de gênero. Eu concordo, mas quero ressaltar que esta bandeira deve ser dos homens também. Sim, nós homens só temos a ganhar com o aumento de mulheres em postos de comando, com as mesmas oportunidades, os mesmos salários e direitos iguais. Precisamos aprender com elas o significado de liderar com sensibilidade, sem perder de vista a força, a garra e a obstinação pela qualidade dos serviços. Eu tenho grandes exemplos da força da mulher em meu gabinete, na Corregedoria e em minha família. Em nome delas, desejo um feliz dia 8 de março a todas as magistradas e servidoras do Poder Judiciário.”
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