
No comando do Escritório de Representação de Mato Grosso – Ermat, em Brasília, Carlos Fávaro, que também preside o PSD estadual, destaca o diferencial na matriz de ações que buscam, prioritariamente, avançar sobre o desenvolvimento socioeconômico sob o prisma das mudanças que passam pela habilidade na arte da política.
Nesta Entrevista da Semana ao FocoCidade, Fávaro, uma das vozes mais críticas sobre a “burocracia” do sistema, especialmente o público, assevera uma análise categórica em relação a performance do presidente Jair Bolsonaro, e não economiza alertas: “então eu acho que essa postura dele é boa, mas o problema é que exagera na dose, na réplica, a tréplica, nas questões pessoais e isso pode deixar uma mensagem de insegurança, de descarrilho, e que pode sim trazer prejuízos à imagem e consequentemente ao comércio de commodities brasileiro”.
Da mesma forma, Fávaro aponta um caminho de perspectivas otimistas sobre o Governo Federal, leia-se a MP da Liberdade Econômica que promete destravar barreiras. “A Medida Provisória da Liberdade Econômica, são pontos importantes, o Brasil precisa superar essa burocracia gigante, cartorial”, dispara.
O desempenho da bancada federal frente aos desafios de captação e segurança de recursos ao Estado, com ênfase sobre os pleitos diretos do governador Mauro Mendes (DEM), recebe um conceito positivo na ótica de Fávaro, reconhecendo o alinhamento e apoio do ex-adversário nas eleições 2018, senador Wellington Fagundes (PL) em sintonia com o senador Jayme Campos (DEM).
Quando o assunto é eleição 2020, o presidente do PSD avisa que seguirá à risca orientação da Nacional do partido sobre construção de candidaturas próprias, cenário válido para a Capital do Estado, mas assinala a posição de abertura de diálogo sobre eventuais alianças.
E quando o tema é “processo de cassação da senadora Selma Arruda”, Fávaro, em leitura comedida, destaca confiança no julgamento da Justiça, prezando o direito à ampla defesa e ao contraditório, mas afiançando um campo que pode colocá-lo novamente na disputa ao Senado.
Confira a entrevista na íntegra:
O país e consequentemente o Estado de Mato Grosso atravessam não apenas uma crise na economia, como também de ordem política em relação a decisões do presidente Jair Bolsonaro – leia-se o contexto internacional. Que reflexos o senhor percebe nesse campo em relação ao Estado, considerando eventuais consequências ao agronegócio?
Eu entendo que o presidente foi eleito com aprovação popular para trabalhar muito a questão da soberania nacional, dos direitos dos brasileiros de podermos nos colocar de pé diante do mundo sobre posições. O que eu vejo é que ele começa exagerar a réplica, na tréplica, de assuntos de ordem pessoal, o que atrapalha tudo, porque se ele for defender a Amazônia, se for falar que queimar, queima há vários anos desde que Amazônia é Amazônia, desde que Brasil é Brasil, e as secas nesse período, sazonalmente um ano queima mais, outro ano queima menos, acho que temos que ter políticas públicas de combate ao incêndio, de combate ao desmatamento ilegal, mas antes de tudo uma soberania nacional, do Brasil e dos brasileiros. Então eu acho que essa postura dele é boa, mas o problema é que exagera na dose, na réplica, a tréplica, nas questões pessoais e isso pode deixar uma mensagem de insegurança, de descarrilho, e que pode sim trazer prejuízos à imagem e consequentemente ao comércio de commodities brasileiro.
Qual a dinâmica do Escritório de Representação de Mato Grosso – Ermat, no enfrentamento das problemáticas e abertura de canais que impulsionem recursos ao Estado?
O Escritório de Representação, ele tem um papel muito importante. Fui convidado pelo governador Mauro Mendes e disse: ‘olha, se for para exercer na essência a representação, de interlocução entre os parlamentares, nos ministérios e as secretarias no Governo de Mato Grosso, eu vou fazer com muita dedicação, porque acho que é importante’. Veja bem, quando um parlamentar coloca uma emenda para o Estado de Mato Grosso, ele cumpre o seu papel, e daí em diante começa um outro desafio, que é fazer a liberação, fazer com que aquele recurso chegue na finalidade, quer seja numa obra, no custeio, num equipamento a ser adquirido pelo Estado de Mato Grosso. Então é fazer o projeto, é alimentar as planilhas, as certidões, todo um trabalho depois de licitação, de cronograma de obras, pagamento e fiscalização e alimentando o sistema, e depois prestar conta desse recurso para que possa estar habilitado a novos convênios e novos recursos. O papel do Ermat tem essa função e estamos nos empenhando com uma pequena equipe, e segmentada secretaria por secretaria, tem o seu ponto focal lá no Ermat para que possa estar cuidando do dia a dia e dos interesses do Estado e fazendo a ligação com os parlamentares.
Como avalia o papel da bancada federal em relação ao apoio conferido para Mato Grosso. Resquícios de campanha parecem ter sido superados pela maioria, e nesse sentido, como descreve a performance do senador Wellington Fagundes, ex-adversário do governador nas eleições 2018?
Vejo uma relação espetacular com a bancada. O governador com bastante habilidade ao seu modo não fica todo dia tomando cafezinho, mas tem uma relação fraterna, sincera com os parlamentares e a recíproca é verdadeira, como você mesma citou, o adversário de 2018, senador Wellington Fagundes, está sendo um grande parceiro de Mato Grosso nessas questões importantes de FEX (Auxílio Financeiro de Fomento às Exportações), de liberações de convênios, emendas impositivas. Ele junto com o senador Jayme Campos, liderando no Senado, o Neri Geller com toda a bancada, o coordenador, sempre atento às causas e as reivindicações do governador, e isso tem fluído em resultados importantes. Veja por exemplo o caso da Santa Casa, veja a questão agora do financiamento junto ao Banco Mundial, veja o exemplo também do FEX que está garantindo. Então são exemplos muito positivos da bancada em sintonia com o Governo do Estado.
Na última quinta-feira (29) o governador Mauro Mendes confirmou uma seara positiva sobre aval do presidente Jair Bolsonaro ao empréstimo do Estado e ainda a promessa de que agora de fato o FEX seja liberado. E observou o papel fundamental do Senado sobre esse quadro. Qual a sua expectativa sobre o resultado dessas ações?
A expectativa desse quadro a superação dos últimos desafios com relação ao financiamento do Banco Mundial. O Ermat, junto com a sub-procuradoria do Estado lá em Brasília, a Secretaria de Fazenda junto com a PGE, e sem sombra de dúvidas, sob o comando e a dedicação do governador Mauro Mendes, nos últimos meses superamos desafios gigantes, vejam duas liminares no Supremo, pendências sendo superadas, autorizações do ministro da Economia, Paulo Guedes, quebra de restrições, superações grandes. Tivemos num dia, na semana passada por exemplo, seis protocolos sendo superados, seis fases, STN, PGE, STN, STN de novo sendo superado num dia só para que esse financiamento alcançasse o objetivo. Então finalizando a semana já com projeto enviado pelo presidente da República ao Senado, à Comissão de Assuntos Econômicos presidida pelo senador Omar Aziz já sabendo que vai chegar, provavelmente na sessão da próxima terça-feira (3), às 10h, e aí escolhe relator, apresenta relatório, e a gente tem expectativa que já leve ao Senado, que a bancada do Senado se articule e estão fazendo isso com dedicação para levar à Plenário na quarta-feira e termos uma decisão definitiva, a aprovação do aval da União para o Estado de Mato Grosso na quarta-feira, e isso volte ao Ministério da Economia para formalizar o contrato, avalizar, e Mato Grosso dar um passo gigante na estabilidade econômica. A promessa do ministro Paulo Guedes é que esse ano reembolse em R$ 4 bilhões os Estados e Mato Grosso será contemplado na sua proporcionalidade e isso será outro grande alívio. Uma grande articulação do governador e a bancada do nosso Estado.
O senhor, mesmo quando ocupava a função de vice-governador no Governo Pedro Taques, alertava e hoje alerta sobre a urgência da desburocratização – de gestões públicas e de empresas. Qual sua leitura sobre a MP da Liberdade Econômica?
A Medida Provisória da Liberdade Econômica, são pontos importantes, o Brasil precisa superar essa burocracia gigante, cartorial. Existe uma Corte que faz questão de que as coisas sejam difíceis, que tem que tramitar aqui e acolá e pedir por favor e dê atenção e acompanhe. Nós temos que ter um país mais eficiente, mais rápido, com a iniciativa privada. Eu defendo a liberdade econômica com controle, mas não com burocracia. É um avanço essa MP da Liberdade Econômica, mas precisa mais. Isso tem que entrar na consciência do cidadão e principalmente dos nossos servidores públicos.
Eleições 2020. Como presidente do PSD estadual o senhor já destacou o trabalho de fortalecimento do partido e o foco sobre construção de candidaturas às prefeituras – com atenção especial nos municípios polo. Cuiabá passa por esse projeto?
O PSD é um partido muito forte no Brasil com a bancada de 36 deputados federais, 10 senadores, aqui no Estado de Mato Grosso, 26 prefeitos, 21 vice-prefeitos 300 vereadores praticamente, 268 se não me engano, deputados estaduais, um partido organizado, pronto para grandes desafios. O PSD tem uma resolução da Executiva Nacional que determina candidaturas próprias em municípios com mais de 100 mil eleitores e tenham retransmissoras de televisão e nós vamos trabalhar por isso. Estamos fazendo visitas ao interior, cidades polos, prospectando candidaturas com companheiros, e temos 15 de nossos 26 prefeitos que tem o direito de disputar candidatura à reeleição e devem exercer esse direito porque estão muito bem avaliados, tendência de serem reeleitos, e buscar novos players, aqui para Cuiabá, para Várzea Grande, estamos conversando. E claro que dentro de uma composição da nossa base aliada. Não é querer ter candidatura por ter candidatura, em alguns lugares a boa política de ceder a candidatura a um grupo, apoiar mas também ser apoiado em outros municípios. O PSD está fazendo esse trabalho muito bem com a nossa base e tenho certeza que será um partido ainda maior em 2020.
Eventual aliança com o prefeito Emanuel Pinheiro, caso confirme o projeto à reeleição, poderá ser discutida?
Conversar sobre eventual projeto à reeleição do prefeito Emanuel Pinheiro, o PSD está aberto ao diálogo. Nem ele disse que é candidato e nem os outros partidos apresentaram candidatura. O que nós temos que fazer é prospectar dentro do PSD candidatura própria e mais adiante estar aberto a dialogar com o que for melhor para Cuiabá e para os cuiabanos.
Caso o senhor seja vencedor na demanda judicial que mantém contra a senadora Selma Arruda (PSL) que pode perder o mandato de senadora, qual será o caminho a ser seguido?
Com relação à ação judicial, eu não quero ficar fazendo comentários e nem previsões de qual destino. O importante é deixar claro que nós estamos buscando justiça e que a justiça brasileira hoje se mostra eficiente para todos, para mim, para você, para a ex-juíza, para quem tenha cometido atos ilícitos. Isso claro com amplo direito à defesa, ao contraditório, e é muito importante ressaltar isso e qual for a decisão judicial nós vamos cumprir com total respeito.
Se tiver que disputar as eleições o senhor é candidato? Se for, espera o apoio de quem e quais partidos?
Não quero falar de perspectiva de nova eleição se não tem o trânsito em julgado, a decisão final do TSE. É fato que a ex-juíza foi cassada aqui pelo TRE, teve recurso ordinário interposto ao TSE, está em rito final para apreciação e aí vamos discutir qual seja o resultado, se for a confirmação da cassação, se terá vacância ou não, se terá nova eleição. E se tiver (nova eleição) trabalhar com respeito principalmente aos eleitores que acreditaram no projeto de Carlos Fávaro senador, com quase meio milhão de votos, e dentro de uma eleição, dentro das regras, dentro da legislação, certamente ela foi exitosa e pode ser vencedora se tiver nova eleição. Mas isso depende de bastante diálogo, conversar com a base aliada, com apoiadores importantes. Se for da vontade de Deus em primeiro lugar e de um grande acordo da nossa base aliada, eu devo se for necessário, disputar sim a eleição ao Senado novamente.
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