Eduardo Gomes
“Atira, atira!”, gritou o oficial ao lado do Duque de Wellington sugerindo que alvejasse o Imperador Napoleão Bonaparte, em sua alça de mira na batalha de Waterloo, onde ambos comandavam seus exércitos. O nobre britânico respondeu ao comandado: “general não alveja general”.
Não conhecia o deputado estadual Max Russi (PSB) até entrevistá-lo recentemente secundando o colega Enock Cavalcanti, para sua paginadoe e mídia social. Perguntei a Max se há perspectiva de reeleição de seus 16 colegas delatados, investigados, processados e com passagem pela carceragem. Repetindo a postura do Duque de Wellington, ele não disparou, mas sua sutil resposta cristalina teve o efeito – salvo melhor juízo – de tiro de misericórdia.
Em momento algum Max apontou o dedo aos seus pares enleados judicialmente. Elegante, limitou-se a avaliar que alguns se reelegerão, mas que no exercício do mandato serão alcançados pela lei. Não havia necessidade de perguntar nada mais sobre a ferida que deixa a Assembleia em permanente sangramento – há muito tempo.
Max Joel Russi, 42 anos, é um paranaense que trocou sua terra por Mato Grosso onde abraçou a carreira política, da qual se orgulha e à qual se entrega. Vereador e duas vezes prefeito de Jaciara, chegou à Assembleia pela coligação PSB/PP com 20.690 votos; o governador Pedro Taques o levou para seu secretariado (Secretaria de Trabalho e Assistência Social, e Casa Civil), de onde saiu para garantir elegibilidade, uma vez que disputará a reeleição. Com esse currículo e a convivência com os deputados, Max tem legitimidade para avaliar o que espera por seus pares na curva do tempo.
Pena que a cobertura jornalística política mato-grossense não se atente para a realidade sobre a Assembleia. Sabemos que a Justiça Eleitoral é lenta ao extremo. De igual modo também temos conhecimento que brechas na legislação abrem passagem a registros de candidaturas sub judice de figuras que não convencem mais nem mesmo a madrinha de batismo. Diante desse cenário o cidadão precisa levar em conta a mensagem de Max, que com sutileza e sem necessidade de puxar o gatilho tal qual fez o Duque de Wellington, botou as cartas na mesa.
Mato Grosso precisa oxigenar sua representação política, buscar novos nomes sem que isso signifique apenas rejuvenescer. Entendo que o ideal é mesclar a impetuosidade da juventude com a força da maturidade e a sabedoria da terceira idade. Não se trata de caça às bruxas, mas de filtragem para que avencemos em busca da verdadeira democracia.
Numa visão ampliada, ouvir o alerta do deputado é repetir o que fez o nobre britânico, sem disparar sobre Napoleão, apontou a ele o caminho do exílio perpétuo na Ilha de Santa Helena, onde permaneceu até fechar os olhos em 1821. Transcorridos 203 anos daquele 19 de junho de 1815, Max nos mostra que existem novos imperadores a serem derrotados.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista


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