Onofre Ribeiro
Na última sexta-feira participei do evento “Elas no campo”, promovido pela empresa Valure e conduzido pela consultora Lorena Lacerda, a Fundação Dom Cabral e parceiros. O tema não poderia ter sido mais atual: sucessão empresarial e governança dentro do agronegócio envolvendo as mulheres. Na verdade, o tema abrange todos os segmentos empresariais. Lembro que as empresas mato-grossenses são muito novas. A maioria vem da década de 1980 pra cá. Muitas já passaram dos fundadores pros filhos e estes para os netos ou pra executivos.
Confesso que fiquei profundamente surpreso com os depoimentos sobre as experiências de sucessão empresarial no Estado. Gastam-se milhões de reais em consultorias e em experiências pra que a sucessão se dê corretamente. Além do patrimônio e do negócio, estão em jogo valores e princípios dos fundadores que deram identidade aos negócios.
Os relatos de executivas de algumas dessas empresas são extremamente lúcidos e revelam um poderoso DNA de negócios fincado em Mato Grosso. Algumas dessas executivas revelaram a longa jornada percorrida e os sofrimentos e expectativas que envolvem uma sucessão nas empresas.
Trago o assunto aqui pelo impacto que sofri com tudo o que ouvi no seminário. Existe um Mato Grosso muito além dos olhos urbanos, das universidades retrógradas e das avenidas floridas de nossa capital. Na verdade, são dois Mato Grossos. Um de verdade com visão extrema de negócios, e outro urbano, com olhar mais resumido e de curto prazo.
Mas a razão deste artigo além do que já foi dito, é comparar a sucessão extremamente cuidadosa no mundo dos negócios e a sucessão irresponsável que se faz na política. Bom comparar. Uma empresa fatura talvez entre R$ 1 milhão até R$ 5 bilhões ao ano. O governo de Mato Grosso arrecada algo como R$ 25 bilhões e gere todo o conjunto da economia mato-grossense.
Aqui reside a equação louca. A sucessão política se faz sem critério algum. Partidos políticos apodrecidos, líderes cheios de mofo, ideias sem rumo na maioria das vezes, são escolhidos pra administrar todo o ambiente da economia do Estado. Deputados dessa mesma origem farão as leis e decidirão temas sobre os quais nunca ouviram falar. Aventureiros sem raízes e sem noção, dirigindo a tudo e a todos. Salvam-se poucas exceções.
Nestas eleições complicadíssimas de 2018, raras exceções, estaremos revirando dentro do mesmo velho balaio, velhos homens, velhas mulheres, velhas ideias, velhos métodos para nos dizer a direção do futuro. Enquanto isso, as empresas fazem mais do que o contrário disso!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso


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