Onofre Ribeiro
Os dias passam e há uma certa tendência de emparedamento do governador Pedro Taques através de uma série de crises de causa própria e outras criadas pelas circunstâncias. Discutir as causas dessas crises é inútil, porque elas estão aí e vem de muitas origens. Algumas atuais e outras mais antigas. Ou de desdobramentos de assuntos mal começados ou mal resolvidos. Ou, ainda, conseqüência da malfada crise econômica e política deixada pelas gestões petistas.
Mas o que importa mesmo são os atores desse universo de crises. De um lado, os chamados poderes com os seus interesses, especialmente os financeiros e os corporativos. Outros, os servidores públicos rebelados. Ou os sindicatos com sua ganância política irresponsável. A economia em crise e preocupada com os seus negócios e com os desdobramentos sociais de uma quebradeira em curso.
Venho defendendo a construção de um pacto de convivência entre o governador Pedro Taques e a sociedade para readquirir uma governabilidade necessária e terminar o seu mandato no fim de 2018. Mas vejo com pouca chance de sucesso que esse pacto seja construído só com os poderes e com os servidores e os seus sindicatos. Ele precisa de uma forte consistência vinda de fora do governo, dos setores que realmente cuidam da economia: os chamado setores produtivos que são os geradores dos impostos que alimentam o Estado e a sua gestão.
As federações das indústrias, da agricultura e pecuária, do comércio e serviços, a ausente e alienada federação dos transportes e os representantes de outros complexos ligados à produção. Esses setores geram empregos, impostos, renda à população, importam e exportam produção e bens. Possuem lideranças eleitas por credibilidade e não pelo voto viciado do sistema eleitoral. Nem foram escolhidos por indicações político-partidárias para funções de relevância na ineficiente máquina pública. Tem legitimidade pra opinar e definir direções à gestão pública!
O governador Pedro Taques precisa construir internamente esse diálogo com os poderes, os servidores e os sindicatos, até onde for possível. São setores muito viciados. Mas deve focar forte também no setor privado e nas suas representações. É bom que se diga que se ao funcionalismo público, poderes e sindicatos pouco importam os cenários da economia, o mundo dos investimentos estaduais, nacionais e internacionais querem confiança antes de tomarem decisões de trazerem negócios pra Mato Grosso. Corporativismos não alimentam expectativas políticas. Pouco lhes importa desde que mantenham suas ilhas de poder e de estabilidade.
Se Pedro Taques não cuidar de construir um pacto de convivência para essa travessia que hoje vivemos no Estado e no país, os seus 18 meses finais de mandato poderão se tornar um suplício inútil.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso


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