A representatividade feminina durante as eleições não se trata apenas de uma questão de justiça social, mas também uma necessidade urgente para o fortalecimento de uma democracia mais equilibrada e representativa, feita por mulheres em defesa das mulheres.
Desde 1916, quando Jeannette Rankin foi eleita para a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, sendo a primeira mulher a ocupar um cargo federal eleito nos EUA, foi dado o pontapé inicial na trajetória das mulheres na política. A passos lentos, a política deixou de ser um ambiente predominantemente masculino, mas ainda assim persistem diversos obstáculos às mulheres que buscam ingressar nesse campo.
Entre os principais obstáculos, podemos destacar preconceitos baseados em estereótipos de gênero que questionam a capacidade feminina de liderança e tomada de decisões.
Infelizmente, as mulheres também são alvo de violência e assédio, tanto online quanto offline. Esse comportamento não só afeta a saúde mental e física das mulheres, mas também pode desincentivar outras a seguirem carreiras políticas. A falta de rede de apoio combinada com as responsabilidades desproporcionais no cuidado com a família, é outro fator que torna mais difícil para as mulheres dedicarem tempo e recursos à política.
No Brasil, as mulheres conquistaram o direito ao voto em 1932. Atualmente, a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), exige que cada partido ou coligação preencha um mínimo de 30% e um máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. É fato que a trajetória feminina na política brasileira é marcada por conquistas significativas, mas os desafios são contínuos. Quando as mulheres ocupam cargos políticos, elas podem advogar por leis e políticas que beneficiem diretamente outras mulheres, e não retroceder em direitos já adquiridos como medidas contra a violência de gênero, licença maternidade e igualdade salarial.
Essa sub-representação limita a influência das mulheres nas decisões políticas e na formulação de políticas públicas, uma vez que a presença de mulheres em posições de poder é fundamental para promover a equidade.
Estudos mostram que países com maior representação feminina em cargos políticos tendem a ter melhores índices de desenvolvimento humano, incluindo saúde, educação e bem-estar social. As mulheres, muitas vezes, priorizam políticas que beneficiam a sociedade como um todo, como educação, saúde e assistência social. Uma democracia só é plena quando todas as vozes são ouvidas.
*Katiuscia Manteli é jornalista e pré-candidata a vereadora por Cuiabá.
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