Depois de tantos anos de silêncio a respeito do assunto, autoridades de Várzea Grande começam a falar em privatizar ou passar para a iniciativa privada o serviço de água esgoto da cidade. Ali isso era um tabu.
É parte dos comentários políticos locais que os dirigentes dali não queriam saber de privatização ou concessão do sistema, que água era assunto exclusivo da prefeitura. Não se falava muito em coleta e tratamento de esgoto.
Levar agua para uma comunidade dava votos na próxima eleição e ultimamente isso ocorreu mais ainda com o enorme crescimento populacional da cidade nas últimas décadas.
O dia da inauguração de um poço artesiano ou cisterna numa comunidade era uma festa politica e cheia de gentes interessadas nos votos da eleição vindoura. Aquele que ajudou a levar a agua para aquela comunidade sempre usava isso para lembrar os eleitores do beneficio que fizera para o bairro.
O tempo passou e hoje, ao invés de dar votos, o problema da agua em Várzea Grande tira votos. E a prefeitura sozinha não tem condições de resolver por completo esse quase eterno problema ali.
Se não dá para resolver o problema da agua, numa cidade que fica às margens do rio Cuiabá, é fácil entender que o caso do esgoto não está nem nos sonhos da prefeitura de como resolver isso.
Frente a essa nova realidade, com uma população um pouco mais exigente, com os órgãos de imprensa continuamente mostrando essa situação, começou a conversa entre lideres politico dali de que o caminho para a água e principalmente o esgoto seria a privatização ou concessão dos serviços para a iniciativa privada.
Essa concessão não seria feita neste e nem no próximo ano. É véspera de eleição municipal e o prefeito e seu grupo político não vão pagar para ver se a maioria do povo concorda ou não com privatização do sistema de agua e esgoto.
Como não concordar com algo que vai beneficiar e muito a população local? Aí entra outra avaliação feita pelos entendidos sobre a realidade várzea grandense. É que há uma enorme quantidade de gente que não paga pelo serviço de agua.
Ali historicamente não se cobra com mais força essas inadimplências. Apontam dois motivos. Um, não se tem um serviço de qualidade nessa área e fica difícil cobrar por algo que não é completo e eficaz para a população. Dois, não é tradição de autoridades dali fazer esse tipo de cobrança com o eleitor.
No folclore politico local até se conta que tinha autoridade eleita ali que passava em casas de pessoas e pedia as contas de água e esgoto dessas famílias. E na dobra da esquina rasgava tudo, sabia que ninguém iria cobrar nada das pessoas. Saia bem com a população porque sabia que o setor de agua e esgoto não iria cortar o serviço de ninguém.
Pode até não ser verdade essas costumeiras falas sobre esse assunto de Várzea Grande, mas fazia parte do anedotário politico sobre aquela cidade aqui em Cuiabá.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
Ainda não há comentários.