O Brasil possui um potencial muito promissor para a inovação. De acordo com o relatório do Índice Global de Inovação de 2022, o país alcançou a 54ª colocação entre os países analisados e realizou investimentos anuais acima de 1% do PIB em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).
Este resultado demonstra que o país tem um longo caminho a percorrer, mas superou as expectativas comparado a outros países no mesmo padrão de desenvolvimento e significou uma melhora de três posições com relação ao ano anterior. Comparando com os demais países da América Latina, o Brasil atingiu a segunda posição, atrás apenas do Chile.
Dentro desse contexto e potencial para avanços, o governo federal anunciou recentemente o Programa Mais Inovação Brasil, com a menor taxa de juros para financiamento à inovação da história do país, de 4% ao ano, e um total de investimentos que somam R? 66 bilhões até 2026.
O impacto do Programa Mais Inovação Brasil nas empresas
Embora as empresas brasileiras reconheçam a importância da inovação para que seus negócios prosperem, estes investimentos têm um alto risco envolvido, devido a incertezas quanto ao resultado, ao prazo e ao alto custo comumente associado aos projetos de PD&I. Nesse sentido, é fundamental que o Estado implemente mecanismos que apoiem iniciativas inovadoras, como é o caso do Programa Mais Inovação Brasil.
Trata-se de um programa amplo e com potencial de impactar empresas dos mais diversos setores e portes, porém, a prioridade do governo neste momento são as denominadas "seis missões" da nova Política Industrial Brasileira, que tem como base investimentos nas áreas de: (1) agroindústria sustentável e segurança alimentar; (2) complexo econômico e industrial da saúde; (3) infraestrutura, mobilidade e saneamento; (4) transformação digital; (5) bioeconomia e transição energética para uma economia de baixo carbono; e (6) tecnologias críticas para soberania, defesa e segurança pública.
Por meio deste programa o governo demonstra enxergar os investimentos em inovação como uma forma de garantir maior autonomia tecnológica para o Brasil, promovendo o desenvolvimento da indústria e o fomento da cadeia produtiva local, sem deixar de lado a preocupação com a sustentabilidade ambiental e o bem-estar social.
Exemplos de investimento em inovação
Os projetos de PD&I geralmente se referem a concepção ou aperfeiçoamento de produtos, processos, sistemas ou serviços. As vantagens geralmente associadas a tais iniciativas são o aumento da competitividade, qualidade, produtividade e eficiência das empresas.
Além disso, é possível observar ganhos de imagem, bem como o aumento da confiança dos clientes, já que as empresas inovadoras são frequentemente percebidas como líderes e pioneiras em seus setores. Tudo isso leva a uma melhoria no posicionamento de mercado dessas organizações, apoiando seu crescimento a longo prazo.
Dentro de um projeto de inovação, os principais itens financiáveis são salários e obrigações trabalhistas das pessoas envolvidas, contratação de serviços de terceiros, treinamentos, matérias-primas, ferramental, ensaios e testes, aquisição de máquinas, equipamentos e softwares, além da implantação, expansão ou modernização das instalações.
O processo de adesão na prática
As empresas interessadas em investir em inovação podem se beneficiar de mais de uma linha de financiamento. No entanto, para definir a melhor estratégia para cada companhia, é preciso conhecer os projetos previstos por ela para o curto e médio prazo, bem como identificar as principais linhas de financiamento disponíveis no mercado e suas condições.
O caminho a ser percorrido pelas empresas interessadas nesses recursos é longo. Ele se inicia pelo cadastro no sistema do órgão de fomento escolhido e envio do pleito com informações detalhadas do projeto de PD&I, passa pelo processo de aprovação, contratação e prestações de contas periódicas durante a execução do projeto, até a auditoria final, quando o ciclo se encerra. Para tanto, o mercado conta com consultorias especializadas na gestão de mecanismos públicos de inovação, que são capazes de apoiar as organizações em todas as etapas citadas.
Esse trabalho de acompanhamento é fundamental para mapear e estruturar de forma organizada todos os processos inovativos das empresas, bem como garantir que essas tenham pleno acesso aos estímulos a que têm direito.
Desta forma, o movimento do governo no estímulo ao investimento à inovação é promissor e deve favorecer assiduamente o desenvolvimento sustentável e a competitividade nas empresas. Em suma, com investimentos adequados e políticas públicas eficientes, o Brasil tem um grande potencial de se tornar, cada vez mais, uma referência em inovação.
Renata Menezes é Diretora de Negócios do FI Group, consultoria especializada na gestão de incentivos fiscais e financiamento à Pesquisa & Desenvolvimento (P&D).
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