• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Você tem inteligência cultural?

Vamos supor que você esteja em local público e derrube um objeto no chão, mas mostra alguma dificuldade para alcançá-lo. Há uma grande chance de alguém ajudar para resgatar esse item, correto? Esse tipo de experimento foi feito pelo antropólogo Michael Tomasello com crianças de 18 meses de idade, e se você deixar algo cair acidentalmente por perto, a criança engatinhará até o objeto para pegá-lo e devolvê-lo a você.

Isso mostra que esse tipo de contribuição é uma forma de inteligência praticamente natural. De qualquer forma, as pessoas são mesmo cooperativas por princípio e a sociedade as corrompe, ou são naturalmente egoístas e a sociedade as corrige em algum momento?

Certamente, algumas pessoas são mais inteligentes do que outras. Porém, inteligentes em quê? É possível que alguns indivíduos sejam inteligentes culturalmente falando. Como assim?

Inteligência cultural é a habilidade que uma pessoa detém ao se adaptar e se relacionar com novas culturas, independentemente do quanto ela conhece tais aspectos culturais. Envolve a forma pela qual desenvolvemos nossas emoções, como buscamos conhecer o novo e como reagimos a isso.

Estudada há pouco mais de 20 anos, a inteligência cultural emergiu como um campo de estudo relacionado ao contexto da globalização, avançando com a compreensão de que algumas capacidades individuais sejam necessárias para competir no cenário internacional das empresas. Assim, entende-se que uma pessoa inteligente culturalmente consiga se relacionar melhor com seus colegas de trabalho, principalmente quando os times forem diversos, possa também adaptar-se de maneira mais adequada ao seu trabalho, mesmo enfrentando mudanças, e tenha um desempenho superior por ter maior aderência nas suas relações interpessoais com os stakeholders.

De alguma forma, pode ser que a inteligência cultural possa estar mais visível na realidade dos profissionais (i)migrantes, já que o sucesso das suas carreiras poderia estar mais vinculado a essa influência. Isto é correto, mas atualmente vivemos num mundo que foi ficando pequeno e sem fronteiras, e temos contato com pessoas cada vez mais diferentes quanto à sua origem, naturalidade ou nacionalidade, bagagem de experiências e muitas outras características. Quanto mais formos hábeis na inteligência cultural, mais vamos criar empatia e melhor poderemos conectar com os outros.

Para se ter uma ideia, existem vários tipos de inteligência. Geralmente, quando falamos desse termo, pensamos no QI (quoeficiente de inteligência) e no QE (quoeficiente emocional). Mas, existem várias outras identificadas, como:

  • Inteligência lógico-matemática
  • Inteligência linguística
  • Inteligência naturalista
  • Inteligência interpessoal
  • Inteligência intrapessoal
  • Inteligência espacial
  • Inteligência corporal-cinestésica
  • Inteligência musical

Ao ler esta breve lista, você provavelmente conseguiu notar que algumas delas são mais intensas em você do que em outros. Deve também ter pensado em conhecidos que apresentam muito de uma ou outra inteligência específica. Por exemplo, os atletas de alto rendimento possuem altíssima inteligência corporal, assim como autores ganhadores de prêmio Nobel apresentam uma inteligência linguística incrível.

Todo tipo de inteligência conta com um lado nato, mas também podemos praticar. Assim como podemos ser melhores em qualquer habilidade, com certeza conseguimos desenvolver nossa inteligência cultural. De que forma? Com mais curiosidade sobre as outras pessoas, por meio da interação com diferentes lugares e populações, assim como a mente aberta para absorver aquilo que é distinto do que tínhamos como definitivo. Reaprender é mais difícil do que aprender!

 

Lina Nakata é professora da FIA Business School.



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