• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Fator Haddad

O terceiro mandato de Lula já apontou erros e virtudes. Conseguimos ver no horizonte os rumos que indicam as trilhas percorridas, pelo menos, para quatro anos. É inegável, entretanto, que a economia tem se mostrado um dos pontos fortes do governo, unindo responsabilidade fiscal, habilidade política e respaldo presidencial, itens essenciais para a construção de caminhos virtuosos.

As notícias mais recentes mostram que aquela pasta responsável por mostrar resultados no longo prazo, curiosamente, tornou-se a de melhor desempenho no curto prazo. A bolsa tem emitido sinais animadores e o dólar vem em queda. A expectativa de crescimento aumentou e chega a 2,14%, enquanto agências de classificação de risco melhoram a perspectiva para o Brasil. Mesmo diante de enorme prudência, em pouco tempo, não haverá justificativa para manter os juros tão elevados.

O resultado apresentado por Haddad tem sido a frente mais robusta do governo Lula. O ministro conseguiu fornecer direção para a economia de forma prudente, estável e conciliatória. Pouco afeito a embates, tem construído com habilidade política pontes importantes com o Congresso Nacional e, especialmente, com o mercado, ao mesmo tempo em que consegue segurar o fogo amigo que insiste em atrapalhar seu caminho.

O atual ministro da Fazenda representa o modelo de gestão da economia que Lula implementou no passado, com Palocci, e que funcionou muito bem: um gestor e político na condução da pasta e liderando um time de economistas. No caso de Haddad, um gestor, por ter sido prefeito, com um histórico de responsabilidade fiscal e saneamento das contas públicas. Um político, pois ajuda a destravar as conversas com o Parlamento e asfalta a aprovação de suas medidas. Por fim, um corpo técnico que fornece os números necessários.

Ao optar por esse modelo, Lula se afasta das soluções mágicas e dos czares da economia que trouxeram mais derrotas do que vitórias em governos anteriores. Na economia, nomes ponderados como Malan geram mais resultados positivos do que animadores de auditório, como Guedes. A economia precisa de calma, estabilidade, ponderação e moderação. Em sua essência é um trabalho conservador, que rejeita frases de efeito e revolucionárias. Ao entender isso, Haddad ganhou pontos importantes com o mercado.

Certamente, ninguém espera privatizações em um governo petista, porém, lidar com a previsibilidade tem seus pontos positivos. O mercado esperava privatizações com Guedes e saiu decepcionado. Ser brindado, em uma administração petista, com um mecanismo de controle de gastos públicos que gera previsibilidade, como o arcabouço fiscal, é ultrapassar as melhores expectativas para seis meses de governo. O resultado aparece nos números, no dólar, na bolsa e na expectativa de crescimento.

O próximo passo é a reforma tributária e Haddad poderá encerrar com enorme êxito seu primeiro ano como titular da Fazenda se conseguir aprovar aquela que é a mudança mais desafiadora das últimas décadas. Ao entregar resultados, Haddad certamente se credencia para voos mais altos e desponta como o nome mais forte para sucessão de Lula. Em pouco tempo, o mercado começará a precificar seu potencial e a política a encarar seu nome como uma opção real de poder. A conferir.

 

Márcio Coimbra é coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília (FPMB). Presidente do Conselho da Fundação da Liberdade Econômica. Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.

Sobre a Faculdade Presbiteriana Mackenzie  

A Faculdade Presbiteriana Mackenzie é uma instituição de ensino confessional presbiteriana, filantrópica e de perfil comunitário, que se dedica às ciências divinas, humanas e de saúde. A instituição é comprometida com a formação de profissionais competentes e com a produção, disseminação e aplicação do conhecimento, inserida na sociedade para atender suas necessidades e anseios, e de acordo com princípios cristãos.

O Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) é a entidade mantenedora e responsável pela gestão administrativa da Universidade Presbiteriana Mackenzie nos campi São Paulo, Alphaville e Campinas, das Faculdades Presbiterianas Mackenzie em três cidades do País: Brasília (DF), Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ), bem como das unidades dos Colégios Presbiterianos Mackenzie de educação básica em São Paulo, Tamboré (em Barueri - SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). Além do Hospital Universitário Evangélico Mackenzie Paraná (Curitiba), que presta mais de 90% de seu atendimento a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e integra o campo de estágios da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná (FEMPAR).



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