O mundo vive em constantes mudanças, e pensar na qualificação da mão de obra para acompanhá-las vem sendo um desafio há muito tempo. É aí que os conceitos reskilling e upskilling passam a ter uma importância cada vez maior no desenvolvimento de pessoas e organizações.
O termo upskilling está relacionado ao aprimoramento de competências, conhecimentos e habilidades que um profissional já possui dentro de seu campo ou área de atuação. Geralmente é usado para acompanhar determinada mudança em seu cargo atual em função de uma inovação na forma de atuação ou automatização de um processo, por exemplo. Esta tendência também pode auxiliar na retenção de profissionais na empresa. De acordo com uma pesquisa do LinkedIn em 2021, colaboradores de empresas que promovem a possibilidade de mudar para outros cargos internamente permanecem na mesma companhia por duas vezes mais tempo.
Já o termo reskilling é quando um profissional, empregado ou não, desenvolve-se em novas habilidades e competências para assumir uma nova função, em uma área de atuação desconhecida até então.
Neste sentido, essas habilidades ganham ainda mais importância em áreas como a de tecnologia, onde sobram vagas por falta de profissionais qualificados. Segundo dados da Associação da Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), em cerca de cinco anos devem ser criados cerca de 800 mil novos postos no setor, porém o Brasil forma pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano, resultando num déficit de 532 mil pessoas para trabalhar na área.
Essa escassez de mão de obra qualificada também acontece porque mesmo os profissionais mais qualificados não conseguem acompanhar a velocidade das novas demandas. Porém a demanda não está ligada somente ao avanço da tecnologia, mas também pela diversidade de experiências das gerações que temos atualmente no mercado de trabalho. Temos diferentes gerações se adaptando umas às outras e, por muitas vezes, com diferentes culturas por conta da expansão geográfica antes vista como uma barreira no mundo corporativo.
O surgimento destas novas tecnologias acontece de forma rápida, o que requer uma certa resiliência por parte do profissional. Além disso, atualmente as empresas não competem somente entre si em termos de atração e retenção de talento, mas também enfrentam concorrência de fora do Brasil por conta do aumento do trabalho remoto – que já era uma prática no setor de tecnologia antes mesmo da pandemia. Por isso, o investimento em upskilling e reskilling pode contribuir para suprir a falta de profissionais no setor.
Com esse cenário em vista, é possível notar também o aumento no surgimento de escolas de programação, algumas inclusive com parcerias com grandes empresas, nacionais e internacionais, que oferecem cursos gratuitos de TI justamente para preparar os profissionais nos conhecimentos técnicos necessários antes de contratá-los. Observa-se ainda que a demanda tem crescido mais voltada para o desenvolvimento das soft skills. E se tratando do setor de tecnologia, podemos perceber uma maior necessidade de competências específicas como Pensamento Crítico, Inovação, Resolução de Problemas, Metodologia Ágil, Inteligência Emocional e Liderança e Influência.
Desta forma, assim como em qualquer setor, para ter um programa de desenvolvimento efetivo, é necessário analisar os gaps individuais e focar no que de fato é relevante para cada profissional.
Vale ressaltar que criar programas de treinamentos com o mesmo conteúdo direcionado a todos não trará o benefício adequado. Por isso, idealmente é necessário criar um programa de desenvolvimento que considere o upskill e reskill do profissional, atrelado aos planos de carreira e oportunidades dentro da empresa, para desta forma atender à falta de mão de obra qualificada no setor de TI e aumentar o engajamento dos colaboradores por meio de promoções e oportunidades de novas carreiras dentro da organização, por exemplo.
Com isso, ao analisar o olhar pessoal, esse profissional que deseja atuar na área de TI tem diversas opções de desenvolvimento no mercado, como escolas que oferecem pagamento de cursos atrelado ao sucesso profissional ou até mesmo empresas que investem no desenvolvimento de pessoas como ferramenta de recrutamento ou impacto social.
*Mauricio Bitencourt é gerente da TACK TMI, divisão de Treinamento, Desenvolvimento e Consultoria da Gi Group Holding.
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