Porque as empresas, especialmente familiares, não olham devidamente para os riscos? Quem é o responsável por atuar frente à mitigação deles? Como atuar com uma cultura de riscos? E como iniciar essa atuação? Vamos tratar neste artigo sobre possibilidades de respostas, todas fundamentadas nos estudos que tenho feito nos últimos dois anos, pós-pandemia.
Primeiramente é importante conceituar o que é risco: é a possibilidade de que eventos aconteçam e afetem o alcance da estratégia e dos objetivos, geralmente impactando de forma negativa, ou seja, uma incerteza.
Existem inúmeros tipos de riscos: de estratégia, operacionais, financeiros, regulatórios, ambientais, reputacionais. Ao empreender, assume-se praticamente todo o tipo de riscos. Porém, com o crescimento do negócio e das famílias (tratando-se de empresas familiares), há que avaliar melhor as escolhas possíveis, que raramente são "decisões binárias", implicando em respostas certas ou erradas.
E essa avaliação de riscos se inicia no processo de formulação da estratégia do negócio. As empresas, inclusive familiares, precisam ser mais adaptáveis a mudanças, precisam pensar estrategicamente em como gerir a crescente volatilidade, complexidade e ambiguidade do mundo, sobretudo os sócios, que fazem as maiores apostas.
O apetite a riscos precisa ser definido e compartilhado com executivos e gestores, e essa é uma responsabilidade de acionistas e/ou do Conselho (em empresas que possuem).
O gerenciamento de riscos integrado ao negócio tem muitos benefícios: aumenta o leque de oportunidades; aumenta a performance; aumenta a capacidade de reação diante de "surpresas negativas", proporcionando resultados positivos; melhora a distribuição de recursos e aumenta a resiliência da empresa.
O gerenciamento de riscos é cuidado desde a alta liderança até a tática. O que define o dono do risco é a matriz de riscos, que cruza a probabilidade de ocorrer com o impacto que pode ocasionar. Quanto mais alta a probabilidade e o impacto; Conselho, Comitês e Diretores se envolvem com essa gestão. Quanto mais baixa a probabilidade e o impacto, gerentes se envolvem diretamente.
O gerenciamento de riscos visa nivelar o apetite ao risco com os objetivos da empresa; encorajar a tomada de decisão em resposta aos riscos; reconhecer os riscos variados e diminuir os fatores prejudiciais. A Política de Gestão de Riscos é um documento que determina o processo e modelo da gestão de riscos.
O COSO (The Comitee of Sponsoring Organizations) é uma entidade sem fins lucrativos dedicada à melhoria dos relatórios financeiros através da ética, efetividade dos controles internos e governança corporativa. O COSO possui várias publicações referências com diretrizes para as empresas lidarem com riscos.
Posso destacar empresas que se distinguiram ao lidar com riscos: Apple, BMW, Starbucks, Marvel, Lego, Nintendo, entre outras inúmeras, tiveram como chave a inovação, para mitigar riscos e perpetuar o negócio.
O COSO enfatizou quatro tendências que irão impactar no gerenciamento de riscos, são elas: lidar com a proliferação de dados (dados virão de dentro e de fora; e em diferentes formas); alavancar inteligência artificial e automação; administrar o custo do gerenciamento de riscos (custos x valor); construir organizações mais fortes à medida que aprimoram sua capacidade de integrar o gerenciamento de riscos, com a estratégia e a performance.
De forma geral, o empresário e seu staff precisam tomar consciência dos riscos, monitorar e agir. Como disse meu professor Antônio Edson Maciel dos Santos no Curso de Conselheiros de Administração do IBGC, "Ou você gere risco ou gere a crise; todo risco traz oportunidades; toda oportunidade traz algum risco; O risco pode mudar a estratégia..."
Como sua empresa irá lidar com os riscos? Está em suas mãos atuar nessa pauta!
Cristhiane Brandão é Conselheira de Administração, Consultora em Governança & Especialista em Empresas Familiares. CEO da Brandão Governança, Conexão e Pessoas.
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