O agronegócio do Brasil é muito mais forte do que os próprios brasileiros pensam. O crescimento do setor nos últimos anos foi constante, independentemente do clima, da pandemia, de ideologia ou partido político. De 2003 para cá, o PIB da agropecuária passou de R$ 1,146 bilhão para R$ 2,079 bilhões, uma alta de 81%, descontado o impacto da inflação.
Ao longo deste período, em nenhum momento o setor estagnou ou deixou de crescer, pelo contrário, superou crises mundiais, nacionais e até mesmo sobreviveu a uma guerra. Muito disso é fruto do desempenho global das commodities agrícolas, da expansão do setor no país e a valorização do dólar frente ao real, mas também da resiliência de milhares de produtores rurais de norte a sul do país.
Isso não quer dizer que o agronegócio vá crescer a qualquer custo. Precisamos ser competitivos e isso depende da modernização da legislação para acompanhar a evolução tecnológica que sustenta o setor, como é o caso da lei para o registro de defensivos agrícolas no país.
Também é preciso diminuir o peso da burocracia, eliminar processos desnecessários e onerosos para garantir mais eficiência. Neste caso, podemos citar a proposta do autocontrole, que dará às indústrias, produtores e certificadoras poder para custear e gerir o sistema de fiscalização, sob a pena perder mercado caso isso não seja devidamente atendido.
O projeto diminui custos para o Estado, mas sem tirar a responsabilidade de fiscalizar o processo de garantia dos requisitos estabelecidos com base na gestão de informações, mantendo seus poderes de polícia administrativa em casos de infrações às normas.
Esses e tantos outros projetos em tramitação no Congresso Nacional só tendem a melhorar o desempenho do agronegócio brasileiro e, consequentemente, da economia como um todo. O agro, assim como todos os setores econômicos, não atua isoladamente. Suas atividades são ligadas direta ou indiretamente a outras tantas, como comércio, serviços e até mesmo a administração pública, que arrecada mais quando o agro está bem.
Nenhum chefe de estado, em sã consciência, vai barrar o desempenho deste segmento que cresce paralelamente a qualquer crise. Além disso, é preciso lembrar que existe o Congresso Nacional, constituído por representantes de todas as esferas sociais e econômicas e responsável por analisar as pautas de interesse nacional.
A racionalidade precisa voltar a ser o centro das discussões no país. É preciso discutir propostas, construir pontes. Faltam projetos de Estado, algo que realmente pense um país em longo prazo. O fanatismo e imediatismo ocuparam os espaços políticos e democráticos. Independente de A ou B, é preciso fortalecer as bases, articular com os representantes de seus estados para que lutem por iniciativas que vão beneficiar a maioria. O diálogo precisa ser restabelecido, assim como o respeito entre todos e todas.
*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e diretor da Neo Agro Consultoria & Comunicação.
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