Em ano de eleição as pesquisas eleitorais ficam no centro do debate. E, de cara, se observa um detalhe interessante: se a pesquisa é favorável ao candidato daquele eleitor, ela é correta e honesta. Se mostrar outro nome à frente, a pesquisa passa a ser parcial, procuram desacreditá-la. Hoje, com o fenômeno da mídia social, procura-se desacreditar a pesquisa com vídeos os mais incríveis.
Fatos recentes ilustram essa discussão do aceitar ou não os resultados de pesquisas eleitorais. Pesquisas mostram Lula à frente de Bolsonaro na corrida à presidência. Os que apoiam Bolsonaro não aceitam os resultados e, entre outros argumentos, um é recorrente.
Que na eleição de 2018 as pesquisas não mostravam Bolsonaro à frente e estavam erradas. Que as pesquisas queriam induzir o eleitor de que outro candidato seria o vencedor. Que, continuam, a partir de certo momento, as pesquisas colocaram Bolsonaro à frente. A “manipulação” não dera certo e os institutos de pesquisas, para não serem desmoralizadas, recuaram e começaram a mostrar a verdade dos números.
Não foi bem assim. Bolsonaro acertou no discurso do momento. Quando isso chegou ao eleitor, ele imediatamente começou a subir nas pesquisas. Bolsonaro conseguiu levar ao eleitor o antipetismo que dominava parte da sociedade naquele momento. Da corrupção em governos, Lava-Jato, prisões e tudo aquilo que a sociedade fora informada.
Ele também se mostrou contra a velha politica, que era diferente de outras candidaturas ou representantes das coisas velhas na política. Acertou ainda na fala sobre costumes, numa mensagem aos mais conservadores.
Empolgou o eleitorado, cresceu nas pesquisas, ganhou a eleição com certa tranquilidade. Não houve erros ou manipulações em pesquisas de antes, foi o discurso no meio do caminho que alterou os resultados delas.
As pesquisas que mostram hoje Lula à frente de Bolsonaro são negadas pelos que seguem o presidente. Mas, interessantemente, a campanha do presidente está seguindo caminhos que elas indicam.
Exemplos do momento? Pesquisas Datafolha e outras mostraram que o Lula tem mais presença entre os eleitores de menor renda. A campanha do Bolsonaro vem lutando para tentar penetrar nesse segmento com diferentes tipos de bondades eleitorais.
Pesquisa mostrou também uma presença forte do Lula no Nordeste, lá está a campanha do Bolsonaro, com auxílios e mensagens, tentando reverter aquela distância entre os dois.
Pesquisas dizem ainda que o candidato Lula tem presença maior entre as mulheres, a esposa do Bolsonaro, Michele, vai, com propaganda e movimentação pelo Brasil, tentar mudar essa situação também. Não aceitam as pesquisas, mas seguem direitinho o que elas pesquisaram.
Tem um dado novo que talvez altere essa discussão de aceitar ou não pesquisas. Estão agora colocando juntas as pesquisas de 14 institutos do Brasil e fazendo uma média dos resultados de todas elas, seja as por telefone ou presencial.
Os resultados, como esperado, mostram os mesmos números da disputa: Lula à frente do Bolsonaro. Logo aparecerão meios para tentar desacreditar isso também?
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
Ainda não há comentários.