O centro histórico de Cuiabá tem cerca de 400 casarões tombados. Desses, 43 estão com problemas. Recentemente, com as fortes chuvas, dois casarões desabaram. Possivelmente fazem parte daqueles 43 que já mostravam problemas. Esses casarões merecem uma atenção especial.
Técnicos no assunto dizem que uma maneira de impedir desabamentos desses casarões seria reformar totalmente seus telhados. Com isso impediria, no período de chuvas, que as paredes, todas de adobe, se encharquem e aconteça o que aconteceu com aqueles dois casarões que desabaram.
Por que não reformar os telhados desses casarões em perigo? Os proprietários não estão interessados ou, como é mais comum, não teriam recursos para fazerem esse serviço? Existem pendencia jurídica ou disputa de herança em alguns desses imóveis? Quem sabe um trabalho do poder público pudesse contornar esses entraves.
Fazem até contas sobre esse assunto. Fica em torno de 150 reais por metro quadrado o custo da mão de obra para reformar um telhado. Faça as contas num casarão de 200 ou 300 metros quadrados para se ter uma ideia do suposto custo. Se for associado o preço do material usado, em contas feitas por outros, se gastaria algo como cem mil reais para reformar totalmente o telhado de um casarão.
Naqueles mais de quarenta em condições ruins seriam menos de cinco milhões de reais para fazer esse serviço. Não é uma quantia que a prefeitura de Cuiabá ou o governo do estado não possa assumir.
Ou ainda, depois de um projeto bem feito, tentar buscar esse recurso ou parte dele na área federal que tem verbas específicas para cidades históricas. Se não vier todo o recurso, prefeitura ou o governo poderiam fazer a complementação.
Por que também não buscar esses recursos na inciativa privada? Deve ter empresas no estado que até gostariam de colaborar com essa empreitada numa venda positiva de imagem. E, mais uma vez, se não desse todo o recurso outros lugares ajudariam a cobrir as despesas.
Tem disputa familiar, nesse ou naquele imóvel, que atrapalharia a realização desse trabalho? Não dá para acreditar que, mesmo nessa situação, essa ou aquela família não queria receber um enorme beneficio em seu imóvel que poderia preservá-lo por muitos anos mais.
Não se pode por dinheiro público em imóvel particular? Nos casarões tombados como patrimônio histórico o poder público poderia fazer reformas nos imóveis particulares? Como foi feito em Recife, Salvador ou São Luiz?
Por que deixar perder o centro histórico se isso pode ser benéfico para a cidade, gerar emprego e renda? A maioria das cidades não tem um centro histórico. Se aqui tem, por que deixar perder? É uma alternativa para atrair turistas. A capital tem hotéis de qualidade, voos para diferentes lugares e mais o centro histórico, de preferência recuperado.
Associado à gastronomia, folclore, linguagem, música regional, Cuiabá se colocaria num patamar interessante para o turismo, inclusive de eventos, principalmente do agronegócio. Deixar parte dessa história local morrer, ou melhor, desabar seria uma enorme burrice.
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político/Escritor/Professor.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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