Sabe, li um texto e tive um insight. Existe uma diferença entre apego e conexão.
O primeiro não é espiritual, mas é humano, demasiadamente humano. Inclusive é estudado e manejado clinicamente pela psicologia.
O segundo é do espírito, com todos os dons sublimes que fazem irradiar a luz da alma.
Ter conexão com pessoas, lugares, eventos e instituições, amadas, é algo bom, alimenta o coração de coisas boas, mesmo estando distante, não estando mais, tornam-se eternas, no tempo e no espaço, como uma fotografia que registra um momento único, por mais simplório que seja.
Entretanto, tudo pode mudar e está em constante mudança, até mesmo a foto que vai ficando amarelada, é uma das leis da vida que não muda, por mais paradoxal e contraditório que pareça, mas é dialeticamente uma constatação da natureza, do mundo físico, essencialmente assim desde os átomos até a montanha do Himalaia.
Porquanto o apego, que faz parte da nossa condição, precisa ir se dissolvendo até o desligamento, pois vem de sentimentos e emoções de posse ou dependência, às vezes de crenças adquiridas antropológica e sociologicamente, migrando para a mente, comportamento e coração. É preciso deixar ir, desapegar dos grilhões invisíveis da possessividade e codependência.
Entretanto, é um dom espiritual, que só o Poder Superior da sua concepção pode lhe conceder a graça de poder remover isso da sua vida, diluindo o sofrimento e ressentimento, culpa ou autopiedade, até o somimento.
Dói, mais ainda se for condescendente, ainda que involuntária e inconscientemente, ao invés de admitir, se render, aceitar, pedir ajuda, vir a acreditar, se entregar, identificar, se prontificar e rogar pela remissão.
Muitas coisa poder ocorrer no transcurso da vida, perdas principalmente, de pessoas, sonhos, lugares, e mais coisas, pelas quais naturalmente têm-se uma porção de apego, até de dependência, fruto da rotina e do cotidiano, das construções e realizações, da vivência e convivência, do estar e ter, ao revés de apenas ser e ser grato diante de qualquer circunstância.
Entre essas percas, podem se incluir parentes, amigos, conviventes, filhos, pais, projetos, moradias, raízes, troncos e galhos, enfim, tudo, às vezes em conta-gotas, outras num só golpe, independente dos motivos, fatalidade, concorrência, impotência, omissão, negligência, intenção deliberada etc.
Dependendo da quantia e intensidade das ocorrências, pode-se ir literalmente à lona, desmaiar, falir física, mental e espiritual, chegar no fundo do poço.
Neste momento, só um despertar espiritual ou tomada de consciência, como preferir, pode lhe fazer acordar, se levantar e voltar andar, trazer de volta à realidade, em condições de lidar e superar, reconstruir, deixar o apego ir, para poder progredir, mantendo a conexão energética e metafísica.
Sozinho, humanamente falando, é quase inimaginável conquistar um nível de total desapego, àquilo que foi mais importante na sua vida, até a hora da ruptura, traumática ou não.
Como dito algures, o que se pode fazer é inventariar as perdas e identificar onde há apego tóxico, prontificar-se e rogar a Deus que faça esse milagre, do desapegar-se, do desligamento.
É uma espécie de ressurreição em vida, "da morte ao nascer de novo", no mesmo corpo.
Com prece, meditação e persistência, é possível rever nascer na sua nova vida o arco-íris.
Por isso, escolha brilhar, sentir o calor do sol e contemplar o show das estrelas, o canto dos pássaros, o som do córrego, as pequenas coisas da vida, um dia de cada vez, bem-sucedido se optou por não sofrer, reconhecendo nas dificuldades oportunidade de se fortalecer.
Em Deus, tudo é possível!
*Paulo Lemos é advogado especialista em Direito Público-Administrativo e Eleitoral, Direito Político, Criminalista e atuante em Direito de Saúde e de Família.
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