• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Um país a venda

O brasileiro medianamente reflexivo tem a sensação que o Brasil tem dono e está sempre sendo vendido por alguém que pensa ser seu único proprietário. Os poderes constituídos parecem sempre estar em uma bolsa de valores fazendo acordos nem sempre republicanos, onde o povo paga a conta e os lucros vão somente para alguns privilegiados.

Nascemos sendo explorados, lá nos idos de 1500. Fomos saqueados pelos europeus, portugueses, franceses e holandeses. Levaram o quanto deu. Brigaram entre si pelas nossas riquezas sem se importar com aqueles que aqui já habitavam.

Nossa independência custou caro para a época; dois milhões de libras esterlinas. E na sequência, durante o império, abarrotamos a Inglaterra com ouro em troca de quase nada de trabalho. O Palácio de Buckingham que diga!

Foi divulgado recentemente que a cidade de Londres tem um estoque de exatas 596 mil barras de ouro, que somam 7.449 toneladas, com valor estimado em US$ 298 bilhões. O estoque de prata é ainda maior, mas menos valioso: 1.069.255 barras que pesam 32.078 toneladas e somam US$ 19 bilhões. Parte significativa saiu do solo brasileiro e irregularmente!

Com a república proclamada cessou o oficial, mas não o clandestino. Há ainda muito contrabando de riquezas naturais daqui para fora. Mas nem só de extrativismo eles vivem; há dinheiro vivo (inclusive público) em paraísos fiscais, como algumas CPIs já comprovaram.

Acontece que a política brasileira passa por negócio, governar, gestar, reeleger, perpetuar no poder público, isso tudo passa pelo balcão da bolsa de valores das negociações e negociatas, se equilibrar entre o exercício poder e os ganhos ilícitos as custas do suado dinheiro arrecadado dos impostos pagos por todos nós.

Cada governo em tempo de eleição explica como fará para consertar tudo e dois anos depois justifica como fez para se vender aos tratos daqueles que realmente mandam: o grupo da coalizão! Se os governos falassem menos e trabalhassem mais, se os governos errassem menos e trabalhassem mais não precisariam trocar cargos por governabilidade.

A coalizão só aparece e cresce sobre as falhas de gestão e do gestor! São bactérias que necessitam de baixa imunidade para agirem. São vírus que precisam de oportunidades pra se desenvolver. Governo sem imunidade de vaidade e displicência e sem vacina de caráter perde a mão, perde a gestão e perde a alma. Só não perde a cadeira do poder! Ah, antes que eu esqueça, isso serve para os estados e municípios também!

Troca de secretário ou de ministro que não tem como critério o desempenho é por negócio! Alguém se achou no direito de vender a pátria, vender o país. Se recordar é viver, vamos ao último capítulo: as 22h30 do dia 20 de outubro de 2018 o então candidato Jair Bolsonaro, aos sair da gravação de seu programa eleitoral, avisa: “Se eu for eleito vou fazer uma escolha técnica para o meu ministério e vou lutar contra a reeleição, inclusive a minha”.  22 de julho de 2021 Bolsonaro avisa: “Eu sou o Centrão”!

Mas concluo com a frase de John O’Toole: “Sim, eu vendo coisas às pessoas que elas não precisam. Não posso, no entanto, vender a elas algo que elas não queiram. Mesmo com propaganda. Mesmo se eu estivesse decidido a fazê-lo”. Aí entra eu e você; nós os eleitores!

 

João Edisom é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.



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