• Cuiabá, 23 de Novembro - 00:00:00

Novo normal? O que é isso?

Em tempos de redes sociais e aplicativos onde se faz comunicação instantânea, solúvel, sem explicação, sem questionamento. Onde frases de impacto ou de efeito são repetidas como mantras. Fatores rotulantes propagados em massa, como conteúdo pelo conteúdo, longe da causa e do conceito, tem a tendência de se tornar polêmico e com torcida organizada pró e contra. A bola da vez é o “novo normal”. Mas o que é isso?

O conceito de novo normal está em modelos de relações de convivência nas diversas vertentes da sociedade. São mudanças de relações nos modos de produção e consumo, nas leis de convivência e nos contratos. E, por mais que um fato acelere o processo, ele leva muitas vezes um século inteiro para se consolidar.

As guerras e as pandemias, assim como fenômenos naturais que geram grandes impactos, tem o poder de acelerar estes processos. Mesmo assim leva um tempo considerável para ser perceptível de forma estruturadas. Acontece que pessoas são resistentes em modificar seus costumes. Não é fácil sair de um aprendizado secular para outro, mesmo que o momento exija tais medidas.

Só para recordar, a idade da pedra deixou de existir com o surgimento da escrita e desta forma se deu o início da idade antiga, o que ocorreu entre 4.000 e 3.500 a.C. Mesmo assim até hoje temos homens que não dominam a escrita e nem por isso estão na idade da pedra, mas pagam caríssimo por não estar conectado ao tempo presente.

A ascensão da burguesia, a expansão do comércio e o aparecimento da mão de obra assalariada marcou o fim do período feudal na Europa. Aliados a formação do Estado Nacional marcam o início da era moderna. Mesmo assim, muitos países no mundo ainda sequer experimentaram este modelo de produção enquanto outros pularam etapas, resultados estão classificados com terceiro mundo ou primitivos.

O período em que estamos, ainda chamado por muitos como idade contemporânea, foi marcado pela Revolução Francesa, mas até hoje os direitos fundamentais são privilégios somente de alguns na maioria dos países do mundo, a injustiça e exploração do homem ainda é uma realidade.

O que eu quero dizer com isso tudo é que o novo normal não chega de uma vez só e nem vai atingir todas as pessoas porque muitos se negam a mudar seus modos de vida. E, dependendo do poder constituído por quem manda no país, ele retarda uma nação inteira.

O nosso novo normal provavelmente será registrado na história como sendo a partir da queda do muro de Berlin (1989) e o fim da Guerra Fria. A pandemia de 2020 é um acelerador que, em uma escala muito otimista, fará mudanças radicais nos próximos dez anos. Seriam mudanças nas leis trabalhista, no sistema financeiro, nos modos de contratos, no sistema de produção e comércio. Isso é possível? Sim. Mas mesmo acelerando, atingirá algo próximo a 70% do conhecemos hoje e menos de 30% dos países do mundo.

Usar máscara (mediada sanitária) ou fazer  compras online (relação de compra e venda) não é o novo normal. São apenas comportamentos adaptados as novas ferramentas. O novo normal será concretizado somente quando nós ou nossos descendentes desconhecerem a forma atual de estar e viver na terra. Assim como hoje nossa geração já desconhece uma vida sem açúcar ou sem veículos motorizados.

 

João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.



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