Para que as crianças vão à escola? Não pode e nem tem sido somente para os pais irem trabalhar, mesmo que alguns pensem assim (crechão). Não pode ser somente para merendar e nem para se abarrotar de informações que apenas os entristeça.
As mudanças nos modos de produção (relação de trabalho) e os ventos da modernidade (independência feminina) conduziram as relações familiares (pai e mãe) para um outro patamar de convivência (menor quantidade de filho e mais tempo fora de casa), mas o conjunto educacional trabalhado nas escolas, de maneira mais direta no ensino público, ainda funciona como se o núcleo familiar estivesse na primeira década do pós guerra (1960).
Em virtude de vários fatores (cultural, religioso, baixo nível do currículo ou mesmo por medo da violência), em muitos locais do mundo já se discute e aceita a educação formal feita em casa ou mesmo exclusivamente pelo pai ou pela mãe, com o Estado apenas controlando as avaliações para progressão. Por vários fatores isso não pode ser a solução!
Acontece que nem todos os pais podem dar este “luxo” aos filhos, principalmente os mais necessitados, onde a tutela estatal se faz necessário para incluir os seus na sociedade e principalmente no mercado de trabalho.
O ensino (principalmente o brasileiro) está centrado na desconstrução do conhecimento vivencial e histórico acumulado ao longo dos anos e na baixa efetivação dos conteúdos atitudinais e empreendedores. Sabem apontar defeitos e erros, mas desconhecem o fazer, o construir, ou o reconstruir. Pai e mãe não ensinam e a escola muito menos.
O resultado desta trilogia desconecta da realidade está ocorrendo em todos os níveis do ensino. Desconstrução da cultura, dos valores, da religião e do trabalho. Em troca recebemos diplomados que sabem tudo o que aconteceu e onde erraram, mas não como fazer e projetar leituras de futuro.
Precisamos mudar o currículo brasileiro de ensino de forma urgente. Em função do que se faz hoje em uma imensa maioria de unidades escolares afeta o mercado, afeta as relações de trabalho, afeta as relações sociais, desestrutura os núcleos familiares e atinge de forma direta a saúde destes que hoje são ainda jovens e despreparados para os trancos da vida, desestruturados e depressivos. Hoje o currículo está sendo uma fábrica de revoltados, indignados e sem perspectivas.
É preciso ampliar a área de futuro na vida das pessoas. O mundo carece de esperança. Precisamos voltar a sentir saudade é de futuro e não de passado. O remexer do conhecimento tem que propiciar prospecção, projeção e impulsão. É hora de sairmos da pedagogia da intolerância, da indignação, da revolta, do status quo da dor. Precisamos de uma pedagogia de perspectiva, de amor ao mundo, ao próximo e ao trabalho, de prosperidade, de encantamento, de esperança e de felicidade.
Quero uma educação com um currículo que faça meus descendentes felizes!
João Edisom de Souza é Articulista, Professor de Ciências Política, Consultor Político, Gestor de Comunicação, Imagem e Crise, Comentarista político da rádio Jovem Pan, jornal da manhã.
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