• Cuiabá, 04 de Julho - 00:00:00

Agroterrorismo e Amazônia

            Nem mesmo o impeachment da presidente Dilma Rousseff conseguiu mobilizar os brasileiros para o debate como nesse caso dos incêndios na Amazônia e as ameaças à soberania nacional. Escrevi neste espaço artigo recente “Agroterrorismo”. Muitas controvérsias. Muita gente a favor das críticas internacionais e muita gente defendendo a soberania do Brasil na Amazônia.

            Vamos a alguns números para embasar a tese de que se trata de agroterrorismo ligado à geopolítica do comércio internacional de um lado. De outro, a questões políticas internas da União Europeia. A produção de soja do Brasil na safra de 2019/20 está estimada em 123 milhões de toneladas. O maior produtor mundial, os EUA, está estimada em 113 milhões de toneladas. O Brasil deverá exportar 75 milhões de toneladas e os EUA 53 milhões. Isso por si só já revela bons argumentos pra uma guerra comercial mundial.

            De outro lado, a União Europeia está enfrentando respeitável inferno astral. A saída da Inglaterra enfraquece o conjunto europeu. Mas ficará pior quando a Inglaterra estiver livre pra estabelecer acordos comerciais com quem quiser, hoje impedida pelas regras a países membros. A França enfrentará uma eleição presidencial em 2022. Com o enfraquecimento das principais economias europeias como a França, a Alemanha e a Itália, principalmente, o continente entrará em recessão econômica provavelmente a partir de 2020. Macron já sabe o que enfrentará e precisa além de desviar as atenções dos problemas franceses, onde enfrenta severos desgastes políticos. Nas suas costas desordens sociais provocadas pelas imigrações, enfraquecimento da economia e desemprego.

            Nos próximos anos guerras não-declaradas serão estabelecidas entre países ricos por fatias do mercado exportador. O Brasil entrar nessa guerra como produtor de alimentos e como detentor de ativos estratégicos ambientais como água, oxigênio, minerais, sustentabilidade e tecnologias da produção agro. O renascimento do Brasil diante do mundo depois das reformas estruturais em andamento, complicará bastante esse cenário já complicado por si mesmo.

            É dentro desse cenário que surgem os incêndios na Amazônia. No fundo, quando se passa tudo isso a limpo, vai nos restar mesmo uma única questão: a soberania brasileira sobre a região.  É aí que o Brasil deve focar suas posições.

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br



0 Comentários



    Ainda não há comentários.