Escrevo artigos desde 29 de junho de 1990. Há, portanto, 29 anos. A princípio no jornal A Gazeta diariamente. Hoje ainda no jornal e em alguns sites da capital e do interior. O tema futuro está presente na maioria dos artigos escritos. Desde o distante ano de 1990, quando Mato Grosso pouquíssimo representava dentro da economia e da população brasileiras. Lembro-me do discurso de posse do governador Dante de Oliveira, em 15 de março de 1995, quando se queixava que Mato Grosso representava 0,7% no PIB nacional. E a população era de 2 milhões e meio de pessoas, equivalentes a um bairro de São Paulo.
De lá pra cá o Estado cresceu muito. Em 1994, a primeira grande safra de grãos chegou a 3,5 milhão de toneladas. Comemorado com louvor. Em 2018 foram 62 milhões.
Aqui gostaria de puxar a essência desse assunto. Em 2028 a expectativa é de que a safra de grãos seja de 108 milhões de toneladas (levantamentos do Imea). Isso equivalerá a toda a produção brasileira agrícola, em 1990. Traduzindo: em 2028, daqui a 10 anos, Mato Grosso será do tamanho do Brasil em 1990.
Há algo, porém, a lamentar. Tudo isso pouquíssimo deve ao planejamento governamental. O que o planejamento público fez foi comprometer toda a renda arrecadada na forma de impostos pra gastar com a chamada máquina pública. Aliás, de baixíssimos resultados.
Pois bem. Vamos aos fatos. Pra dobrar a produção agropecuária daqui até 2028, serão necessários temas e mais temas de planejamento. Não existe um, sequer!
A capacidade dos quadros técnicos de planejamento do governo estadual é próxima de zero. Quem fez até aqui correndo todos os riscos foram os empresários da agropecuária, apesar dos entraves dos sucessivos governos estaduais. Órgãos como a Sema, por exemplo, são atrapalhadores extraordinários. Quando não corruptos. Secretaria de Fazenda que se sente um governo paralelo dentro do governo formal. E assim por diante. Educação que não educou recursos humanos para o presente em nenhum momento. Saúde doente. Segurança insegura.
E nada de planejamento! No máximo ideias descosturadas e avulsas de governantes despreparados. O momento atual e o futuro próximo nada têm a ver com esses anos passados quando se cresceu apesar da inércia dos sucessivos governos. O mundo é outro. As exigências são outras. A industrialização que virá, quer queira ou não governos e governantes, será muito mais complexa do que só plantar e colher. Como tem sido.
Falta gestão à gestão pública. Especialmente em planejamento. Quase desconhecido...
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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