Se no século XIX o café era chamado de ouro verde, hoje o próprio metal pode ser chamado dessa forma, basta que a forma de extração dele seja feita sem nenhum dano ambiental. Isso já é realidade e foi comprovado por um trabalho realizado no município de Nossa Senhora do Livramento, região metropolitana de Cuiabá.
Por meio da gravimetria, sem o uso de produtos químicos como o mercúrio, é possível até mesmo processar os rejeitos da mineração convencional, retirando dele o próprio ouro, além de ferro, platina, cobre e o próprio mercúrio, substância responsável por boa parte do dano ambiental causado pela mineração convencional.
O produto usado nesse processamento tem como base o amido de milho, totalmente orgânico, que não causa nenhum tipo de dano ambiental, absorvido totalmente pelo solo, sem deixar nenhum tipo de traço que prejudique a fauna, a flora e os lençóis freáticos, responsável por garantir nosso abastecimento de água potável.
Falando nisso, o processo de extração do ouro verde não usa água potável, ela é reaproveitada justamente da barragem de rejeitos, por meio da decantação, retornando ao processo de mineração. Recurso natural essencial para a vida, todo processo, seja de mineração ou não, deve levar em consideração a economia de água.
Ao fim do processo de mineração, o que sobra é uma terra limpa de impurezas, inclusive do mercúrio, que, reassentada no local escavado, pode ser usada tranquilamente para a agricultura, sem nenhum risco de contaminação do que for plantado no local. Ou seja, todo o processo realizado não deixa nenhum passivo ambiental a ser recomposto.
Tudo isso já foi feito em Nossa Senhora do Livramento, usando os rejeitos de uma empresa de mineração convencional. Os resultados apresentados foram animadores, demonstraram a viabilidade econômica do processo e, sobretudo, asseguraram a possibilidade de haver uma certificação de procedência e de responsabilidade com o meio ambiente.
Em breve, um novo empreendimento de extração do ouro verde estará em funcionamento em Nossa Senhora do Livramento. E, não tenho dúvidas, esse é o futuro da mineração, no Brasil e no mundo.
*Ricardo Padilla de Borbon Neves é empresário.
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