No recente evento de divulgação do agronegócio em Sorriso, a direção da Fendt, fabricante alemã de tratores, com mais de 220 anos de existência, fez um extraordinário anúncio. Vai instalar no Rio Grande do Sul sua fábrica de tratores de grande porte no Brasil, e em Sorriso um centro de comercialização e distribuição dos produtos.
Ainda que a fábrica não seja em Mato Grosso, o centro de comercialização é um estimulador de negócios. Mas o crescimento sucessivo das indústrias de ração e a de etanol de milho, vai transformar o eixo da rodovia BR-163 num poderoso centro da economia do Estado. O milho deixará de ser exportado in natura, vai virar farelo, ração e etanol. Na esteira, virão as indústrias de ração, os grandes confinamentos de gado, o incremento dos suínos e das aves. E toda a cascata das cadeias de produção..
Nada disso é sonho. É a clara realidade que passa ao largo de Cuiabá e dos poderes públicos que ainda amam os cartões de ponto das envelhecidas repartições públicas.
Mas quero aqui recordar três profecias políticas. Uma do ex-governador José Garcia Neto (1975-1978), que adotou como slogan de sua gestão uma profecia: “Mato Grosso – Estado Solução”. Ele acreditava que esse seria o destino do Estado no futuro. A segunda, de Júlio Campos (1983-1986). Ele tomou financiamentos externos e pavimentou a rodovia federal BR-163 de Cuiabá a Sinop. Na época a região Norte não justificava isso, a menos que fosse um sonho profético. Confirmou-se. O terceiro, Dante de Oliveira (1995-2002).
Dante saiu mundo afora vendendo a ideia de que Mato Grosso seria aquele Estado-Solução de Garcia Neto. Aqui preciso contar uma memória que tive a chance de assistir. Foi na pequena cidade de Moulines, no estado de Ilinois, nos EUA, sede do segundo maior fabricante de tratores de pneus do país, a John Deere.
O CEO da empresa respondeu a Dante quando sugeriu uma fábrica de tratores em Mato Grosso, que o futuro da produção de alimentos para o mundo seria mesmo no Centro-Oeste do Brasil, e dentro dele, o carro-chefe seria Mato Grosso. E que isso estava nos planos estratégicos da empresa. Porém, havia algumas condicionantes. Infelizmente elas não foram resolvidas. Falo disso em outro artigo.
O lance da Fendt alemã, nos puxa as orelhas. Se tivéssemos resolvidos aquilo que o CEO da John Deere sugeriu em 2000, a fábrica da Fendt seria em Mato Grosso. Volto ao assunto.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
Ainda não há comentários.