Vem se arrastando desde o governo Pedro Taques nova taxação ou não do agronegócio. Com crise financeira ao governo de MT não resta, à primeira vista, alternativa senão taxar. Em silêncio, a princípio, o agronegócio veio à luta nesta semana com bateria de guerra. O presidente da Associação dos Produtores de Soja e de Milho – Aprosoja, Antonio Galvan, deu o troco às especulações. E o fez com toda a razão. Em linguagem de guerra.
Pressionado pelas contas públicas do governo, o setor mais forte da economia mato-grossense começou a ser tratado no campo da bandidagem pelas estruturas corporativas que fazem parte do Estado. Pressionado, Pedro Taques resistiu, mas não fez força pra proteger o agronegócio. Mas também não o taxou com um possível Fethab 3, ou um ajuste nos dois outros Fethabs anteriores.
Quem está pressionando por dinheiro? Os poderes, os sindicatos e os funcionários públicos. Com créditos da ordem de R$ 4 bilhões pra receber, os fornecedores do governo não estão pressionando pela taxação do agro. Empresas pequenas, médias e grande quebrando por falta de pagamento em todas as áreas. O Estado está pressionando pra si mesmo! Isso é gravíssimo. Exemplo mais típico é o das empresas que fornecem alimentação ao sistema penitenciário e às que alugam carros ao governo. À beira da falência.
Até agora o agronegócio vinha em silêncio e desarticulado pra enfrentar a tese levantada pelo senador eleito Jaime Campos, num tom agressivo e grosseiro. Agora a entrada de Galvan na discussão falando em nome dos produtores de soja e de milho, mas articulado com os produtores de carne e de algodão, muda o tom da conversa. Galvan foi claro: os produtores não são bandidos como são vistos pela estrutura do Governo e pelos poderes. Não foi o setor quem fez dívidas. Classifica a crise como falta de gestão no que não lhe cabe culpas. Sente-se estigmatizado como vilão das desigualdades sociais existentes no Estado.
Na prática, o que fez Galvan foi declarar a guerra ao governo de Mato Grosso. Pelo visto o setor veio sem o acompanhamento de parlamentares. Preferiu tratar dos seus interesses diretamente com as armas da sua argumentação. Lembrou o município de Várzea Grande cujo orçamento anual de R$ 799 milhões pra tocar a vida de mais de 250 mil habitantes versus o orçamento da Assembleia Legislativa e do Tribunal de Contas que chega a 896 milhões. Ou o de Sinop, com mais de 150 mil habitantes cujo orçamento é de R$ 475 milhões, contra R$ 500 milhões da Assembléia Legislativa. O governador Mauro Mendes precisa urgentemente abrir campo de conversas com o setor, sob pena de ser engolido na primeira e depois contínua crise com o setor econômico mais forte da economia estadual.
Deve primeiro dar sinais de enxugamento da máquina pública e punir as culpas internas pra depois olhar pra fora. Pode ser o primeiro e cabeludo confronto do recém-empossado governador Mauro Mendes.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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