O país vive hoje talvez o seu pior momento político. A desesperança toma conta da população, que não enxerga alternativas e promete aumentar o patamar das abstenções nas eleições de outubro deste ano, que já foi alto nos pleitos passados. Para mim, esta escolha do eleitor, em simplesmente não escolher, em rejeitar a política, é um caminho errado e perigoso. O sistema só será mudado por meio da política, não há outra opção.
Querer mudança é algo natural. Eu, depois de anos trabalhando no serviço público, também vejo a possibilidade de mudarmos para melhor. Mas tudo isso passa por uma importante arma, o voto. Antes de mais nada, é preciso ter em mente que voto não se vende, não se troca por favores, não se negocia por nada. Se algum candidato se apresentar disposto a comprar o seu voto, já deixa claro quem ele é.
Aliás, as recentes operações deflagradas pela polícia em diversas partes do país mostram que, embora o eleitor que venda o voto pense estar recebendo dinheiro do político, na verdade aquele recurso que custeia Saúde, Educação, Transporte, Saneamento Básico, Segurança, entre outras coisas, é que é desviado. Ou seja, quem paga a conta é o próprio eleitor, com serviços de qualidade baixa.
Um exemplo claro de como isso funciona pode ser visto no caso da Construtora Odebrecht, alvo da Operação Lava Jato. Para conseguir contratos com o Governo Federal e ver aprovadas leis de seu interesse, a empresa comprava o apoio de políticos, usando dinheiro do superfaturamento dos contratos. Este dinheiro era usado pelos mesmos políticos para fazerem campanha.
Embora o voto seja muito importante, o poder do cidadão não acaba com a eleição. Ainda que o candidato em que ele votou não seja o escolhido, ele pode e deve fiscalizar aqueles que exercem mandato, uma vez, que, como está escrito na nossa Constituição, a nossa lei maior, o poder emana do povo e é exercido por seus representantes.
A educação política é muito importante para fazermos um Mato Grosso melhor, para fazermos um Brasil melhor. Se nós, a população, não vendermos nosso voto, colocando no poder pessoas comprometidas com a mudança e, se depois das eleições, cobrarmos estes mesmos políticos, estaremos dando um importante passo para sairmos desta crise, que é profunda, mas tem solução.
Antônio Carlos Paz é Administrador e ex-secretário do Gabinete de Desenvolvimento Regional de Mato Grosso.
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