Hernane Cauduro
A taxa de Formação Bruta de Capital tem oscilado entre 15% e 19% ao longo das últimas décadas. Este nível de investimento é compatível para países não industrializados e precisaríamos estar investindo acima de 20%. Não bastasse este problema estamos enfrentando um apagão de mão de obra, o que coloca o setor produtivo, no caso a indústria, em risco de não crescer, pois sem investimentos em modernização do parque fabril e sobretudo investir pesado em automação e qualificação da mão de obra disponível ela estará condenada a perder mais espaço e sucumbir nos próximos vinte anos.
Para melhor entendimento o parque fabril brasileiro tem em média 14 anos. Segundo o Portal da Indústria, veículo oficial do Sistema Indústria (CNI/SESI/SENAI/IEL), cerca de 38% dos equipamentos estão próximos ou já ultrapassaram o ciclo de vida ideal recomendado pelos fabricantes.
Na área de automação industrial a relação entre funcionários e robôs é desanimadora. Para se ter um dimensionamento mais claro, enquanto no Brasil a relação é de 10 robôs para cada 10 mil funcionários, na Europa são 160 robôs para cada 10 funcionários. Na Coreia do Sul onde as empresas apresentam alto grau de automação, são 1000 robôs para cada 10 funcionários.
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) informa que em 1995, a indústria brasileira representava 2,77% da produção industrial mundial. Hoje, esse número é de apenas 1,28%, ou seja, praticamente a metade em sua performance.
Um relatório do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) revelou que em 2018, a indústria de transformação representou apenas 11,3% do PIB, quase metade dos 20% registrados em 1976. E estimativas indicam que, se nada for feito, a participação da Indústria no PIB pode cair abaixo de 10% nos próximos anos.
Ficou bem registrado em minha memória que a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) já vinha fazendo movimentos sobre essa questão desde 2012 e o governo federal, mesmo tendo lançado políticas, como Brasil mais Produtivo, de lá para cá, o cenário não mudou nada.
O problema da mão de obra passa pela educação pública de melhor qualidade com inclusão e foco na formação profissional que deve ser uma prioridade. As máquinas e equipamentos estão cada vez mais automatizados e sofisticados. Os tempos do aprendizado on the job, no 'chão de fábrica', estão ficando cada vez mais distantes.
O Brasil precisa de projetos de políticas de Estado, com visão a médio e longo prazos, pelos quais se tenham fomentos para investimentos na renovação e automação de nosso parque fabril.
*Hernane Cauduro é diretor da Metal Work Pneumática do Brasil.
https://www.metalwork.com.br/


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