Vinícius Resende
No Dia Internacional da Mulher, é importante refletir sobre a aposentadoria feminina, especialmente quando consideramos os relevantes estudos sobre o aumento da longevidade. As mulheres estão vivendo muitos anos a mais, o que é uma notícia boa. Entretanto, os desafios também crescem e tendem a ficar mais complexos com o avanço da idade, diante do aumento dos cuidados com a saúde, que exigem mais recursos, além de um mercado de trabalho com grandes desafios para elas e de um sistema que não educou sua população para o planejamento financeiro.
Apesar das conquistas femininas significativas nas últimas décadas, as mulheres enfrentam problemas que impactam diretamente sua renda na velhice. Mundo afora, a aposentadoria paga às mulheres é, em média, inferior à recebida pelos homens, resultado, principalmente, da menor participação no mercado de trabalho formal e dos salários mais baixos que recebem, quando comparados à remuneração masculina.
No Brasil, a diferença salarial é de cerca de 20% a mais para os homens no mercado formal de trabalho, segundo pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego. Na União Europeia, a remuneração média é 12,7% menor, com Estônia (20,5%), Áustria (18,8%) e Alemanha (17,6%) liderando o ranking, conforme dados do Parlamento Europeu. A Síntese de Indicadores Sociais 2024, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que, para o total da população, o nível de ocupação dos homens alcançou 67,9%, em 2023, contra 47,9% das mulheres. Diz também que essa diferença de 20 pontos percentuais persiste desde o início da série.
Para equilibrar as responsabilidades profissionais e familiares, algumas mulheres optam por trabalhar em meio período ou abandonam oportunidades profissionais e educacionais, embora alcancem, em média, grau de instrução maior do que o dos homens. Tomam essa decisão para cuidar dos lares, filhos e de parentes doentes. Por isso, elas ocupam, ainda, mais posições no mercado informal de trabalho e são mais representativas na taxa de profissionais subutilizados, diz o estudo do IBGE. Contudo, metade dos lares brasileiros é chefiada por mulheres, o que demonstra a resiliência e a importância feminina para as famílias.
Todo esse impacto na renda no decorrer da vida vai reduzir o poder de contribuição das mulheres para a previdência. Na aposentadoria pública, elas vão receber entre 70% e 80%, em média, dos valores pagos aos homens no Brasil pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na União Europeia, a média é parecida: em torno de 30% inferior ao valor da aposentadoria do homem, sendo cerca de 40% menor na Holanda, 30% a menos na França e 7% menor na Dinamarca, para dar alguns exemplos de como a situação feminina é semelhante até em países desenvolvidos.
Diante dessa realidade e desafios, a educação financeira e previdenciária surge como uma ferramenta essencial para que as mulheres na fase ativa profissional se conscientizem do problema e assumam o controle de suas finanças, a fim de construir um futuro mais seguro. O primeiro passo é buscar informação para se planejar financeiramente. Existem vários conteúdos bons na internet com dicas essenciais para essa conquista.
Um deles é o Previdência Complementar para Mulheres, um guia direcionado à educação financeira e previdenciária elaborado pelo Ministério da Previdência Social. Ele mostra o cenário com seriedade e oferece dicas valiosas para um planejamento eficaz, abordando com propriedade, inclusive, a importância da previdência complementar para as mulheres. É relevante lembrar que o valor da aposentadoria paga pelo INSS é calculado com base na média dos salários ao longo da vida profissional. Isso significa que o valor na aposentadoria, provavelmente, será menor que o último salário recebido antes de se aposentar.
Além disso, há um teto para o valor das aposentadorias. Em 2025, chega a pouco mais de R$ 8 mil. Se o salário atual é maior, investir em previdência complementar é ainda mais crucial para ter uma renda compatível à da fase ativa na aposentadoria. A previdência complementar funciona como uma poupança de longo prazo e oferece benefícios fiscais importantes, que possibilitam, por exemplo, restituição ou redução do Imposto de Renda.
O Dia Internacional da Mulher é uma oportunidade para refletir sobre a aposentadoria de nossas mulheres e incentivar mudanças que estimulem a previdência complementar. Afinal, viver mais não significa apenas aumentar a longevidade, mas também desfrutar dos benefícios do trabalho árduo ao longo de toda uma vida. Investir em previdência complementar é investir em qualidade de vida e segurança financeira para as mulheres em todas as fases de suas vidas.
Vinícius Resende é Diretor de Clientes da BB Previdência, empresa que faz parte do conglomerado Banco do Brasil.
Ainda não há comentários.
Veja mais:
Prefeita de VG anuncia parceria em programa que busca reduzir fila de exames
Quando o remédio se torna veneno
Destino Final: Operação do Gaeco mira motoristas de aplicativo
Saúde confirma primeiro caso de nova cepa de mpox no Brasil
Torre de Babel
O impacto positivo de lideranças femininas
Mulheres Guerreiras: a força além do diagnóstico
TCE revela precariedade no enfrentamento à violência contra a mulher
Um legado de inspiração e trabalho
TJ condena clínica a indenizar paciente por falha em implantes dentários