Da Redação
O Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) alerta que levantamento "apontou que, dos 132 Conselhos e Fundos Municipais da Pessoa Idosa existentes em Mato Grosso, em 44 não houve nenhuma atividade em 2024".
O TCE-MT pede urgência sobre as ações nesse quadro - asseverando que idosos estão desamparados pelo poder público.
A Corte de Contas detalha:
Proposto pelo conselheiro-presidente, Sérgio Ricardo, e apresentado na última segunda-feira (7), em reunião no Tribunal de Justiça (TJMT) para assinatura do termo de anuência para expedição do decreto que instituiu a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (Renadi-MT), o estudo evidenciou ainda que nove municípios sequer possuem lei de criação do conselho.
Os dados foram expostos pelo presidente da Comissão Permanente de Saúde, Previdência e Assistência Social do TCE-MT (COPSPAS), conselheiro Guilherme Antonio Maluf. “Essas são as primeiras informações e elas são importantes para refletirmos sobre as atitudes que serão tomadas de forma transversal, pois não cabe só a saúde tomar iniciativa no cuidado da pessoa idosa. Cabe também à assistência social, à educação, à segurança, a todas as secretarias que executam políticas públicas. Sozinho não se resolve o problema, nós precisamos realmente nos unir e construir uma política pública de qualidade, para que os executivos possam tomar as suas decisões.”
Na ocasião, Maluf também propôs caminhos para assegurar, de forma emergencial, os direitos básicos de 54 idosos que estão sem abrigo em Cuiabá, como a assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC) para construção de uma Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).
“Nós temos recursos garantidos por uma emenda federal, a Fundação Abrigo Bom Jesus está colocando seu terreno à disposição para a construção desses lares e temos 54 idosos que precisam de vaga urgentemente. Então, eu defendo que formatemos um TAC com a liberação das licitações, pois isso daria celeridade ao processo.”
À frente das discussões, o desembargador Orlando Perri enalteceu a proposta de Maluf. “Nós temos urgência no abrigamento dessas pessoas que estão abandonadas e algumas literalmente no olho da rua. Diante dessa realidade, eu sou muito favorável a dispensa de licitação, porque os idosos têm mais passado do que futuro, eles têm pressa. Hoje, existem 54 pessoas em filas de espera para abrigamento público e eu ouso afirmar que nós temos muito mais. Então, precisamos começar a implementar as lLPIs em Mato Grosso, pois o problema não está centrado unicamente em Cuiabá, uma vez que muitos prefeitos nos buscam pedindo ajuda no mesmo sentido."
O desembargador ainda lembrou que o Judiciário já conseguiu a destinação de R$ 21 milhões para a construção das ILPIs, por meio de um acordo de colaboração premiada. "Além desse valor, temos acordado que todos os anos o delator vai depositar R$ 7,5 milhões em juízo e nós pretendemos aplicar esses recursos exclusivamente na criação de novos abrigos públicos para idosos."
Avanço significativo
Também participando da reunião, o procurador-geral de Justiça, Deosdete Cruz Junior, salientou a importância do levantamento realizado pelo TCE. “Vimos aqui o primeiro e grande passo, que é o diagnóstico dos municípios, muito bem-feito pelo Tribunal de Contas e que aponta ainda a ausência de alguns conselhos e a inoperância de fundos destinados à pessoa idosa. Acredito que, com a assinatura do decreto pelo governador do Estado, a gente vai ganhar uma nova etapa para realmente concretizar esses fundos e conselhos."
Para o presidente do Conselho Estadual de Defesa de Direitos da Pessoa Idosa em Mato Grosso (CEDEDIPI-MT), Isandir Rezendes, a proposta de Maluf é um grande avanço nos debates sobre a instalação das ILPIs. “A colocação do conselheiro foi sem sombra de dúvidas fantástica. Com um TAC, a gente sairia da licitação por uma questão emergencial, não dá mais para esperar. Temos uma fila com mais de 50 idosos esperando por um lar, outros 40 vivendo na rua, se fizermos uma média por baixo, só na Capital devemos ter quase 200 pessoas idosas precisando de um abrigo."
Conforme o secretário estadual de Saúde (SES), Juliano Silva Melo, a saúde também é uma porta de entrada e ao mesmo tempo de alerta para a situação do idoso em Mato Grosso. Ele explica que existem aqueles que, sem assistência em casa, chegam a situações de desidratação, o que também é fator preocupante para aqueles que vivem em situação de rua. "Aqui temos um complicador que é o calor. É fato constatado que nos períodos de altas temperaturas temos uma procura extremamente aumentada no serviço de atenção especializada de idoso."
Instalação da Renadi
O presidente do TCE-MT, conselheiro Sérgio Ricardo, tem acompanhado de perto as necessidades da pessoa idosa no estado e parabenizou a iniciativa do desembargador Orlando Perri. “É dever do Tribunal de Contas de Mato Grosso zelar pelas políticas públicas que garantem o envelhecimento ativo e saudável de nossa população e, aqui, merece nossos aplausos, nossa reverência, o desembargador Orlando Perri, que é o grande mentor e criador desse projeto. Foi ele que provocou várias instituições para a instalação da política do idoso em Mato Grosso."
Frisando a alta demanda por assistência em todos os setores, principalmente na área de saúde e assistência social, o presidente do TCE afirmou que a rede implantada é um importante e necessário avanço para o estado. “Mato Grosso está dando um passo muito importante na criação da Renadi e o Tribunal vai abraçar esse processo todo, incentivando que todas as instituições se esforcem e participem, para garantir os direitos, a proteção e amparo dos idosos."
A Renadi-MT é composta pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), Tribunal de Justiça (TJMT), Ministério Público (MPMT), Governo do Estado, Defensoria Pública (DPMT), Conselho Estadual de Direito do Idoso, Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT) e demais instituições representativas dos idosos.
Com Secretaria de Comunicação/TCE-MT
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