• Cuiabá, 12 de Julho - 2025 00:00:00

Infectologista e professor da UFMT: ainda é cedo para falarmos em Carnaval 


Rafaela Maximiano

Mesmo com o avanço da vacinação e a diminuição nos números de casos de transmissão e de mortes por covid em todo país, a palavra de ordem para a realização das festas de Carnaval em 2022, é a cautela. A orientação é do médico infectologista e professor da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Luciano Corrêia Ribeiro

Segundo o médico, ainda é muito cedo para fazer uma análise e flexibilizar as regras. “Daqui para o Carnaval tem muito tempo. Se daqui até lá tivermos 80% da população vacinada, eu creio que possa ocorrer o Carnaval e possamos flexibilizar alguma coisa. Mas ainda é muito cedo para avaliar porque a covid é uma caixa de surpresas”, pontua.  

Além de saber se é seguro pensar em um Carnaval sem restrições, o FocoCidade na Entrevista da Semana questionou sobre as festas de final de ano, o atual cenário da pandemia no país e no mundo, a possibilidade de uma nova onda da doença, a flexibilização do uso de máscaras e outros assuntos ligados à saúde pública e a covid.  

“É importante deixar claro que a doença voltou em países em que a cobertura vacinal é baixa. Onde houve uma flexibilização na obrigatoriedade de se vacinar a população, e agora eles estão pagando um preço alto”, alerta o médico que também é enfático quando o assunto é vacinação: “muitos querem que a doença se perpetue, pois, virou uma indústria. Terrorismo para que a população não se vacine”. 

Confira a entrevista na íntegra:  

Dr. Luciano, como o senhor avalia o atual cenário de pandemia no país, a covid está sob controle? 

Eu diria que é uma situação que está caminhando para o se ter o controle. Muito em decorrência do avanço da vacinação, em especial aí da segunda e da terceira dos. É difícil de se fazer uma análise a médio e a longo prazo, mas no momento atual, e tendo em vista o que temos visto nos países que já estão em processo avançado de imunização da população, eu creio o Brasil caminhar para uma estabilidade na doença, no controle da doença.  

Assim como o Brasil, todo o mundo viveu uma redução de casos de infecção e de morte por covid após o avanço da vacinação. Atualmente, em alguns países da Europa e Ásia se fala em uma nova onda da doença, até com lockdown. Mesmo com a vacinação, por que se agravaram novamente os casos de covid nesses países?  

É importante deixar claro que a doença voltou em países em que a cobertura vacinal é baixa. Onde houve uma flexibilização na obrigatoriedade de se vacinar a população, e, agora eles estão pagando um preço alto, e a doença se restabelece. Por isso que a quarentena e o lockdown nesses países de baixa cobertura vacinal é seletivo. Para os não vacinados.  

Com o Brasil é outra situação, a cobertura vacinal é bem maior que nesses países. Só teríamos outra onda se faltasse vacina, mas eu acredito que não vai mais faltar vacina e não vai mais ter essa história de fake news e terrorismo sobre a eficácia da vacina. Por exemplo, eu estou com um paciente hoje internado no hospital em forma grave da doença, porque não acreditou na vacina e não vacinou nenhuma dose. Agora está lá desesperado querendo vacinar. 

Então, eu vejo que já não é mais a realidade de grande parte da população, principalmente aqui no nosso Estado. A doença diminuiu, a incidência de casos novos reduziu drasticamente. 

Eu tenho um exemplo de paciente que não se vacinou, não acreditou na vacina e está internado agora, em caso grave quase indo para a UTI e já era para ele ter tomado a terceira dose.

Na sua avaliação quais as chances de uma nova onda da covid no Brasil, mesmo com a vacinação já caminhando da 3ª dose para todos os públicos? 

Eu não vejo uma nova onda da doença no Brasil. É claro que é muito difícil a gente fazer uma análise futura, tendo em vista que a covid é uma caixinha de surpresas, mais diferente de outra época, de outrora, onde se acreditava na imunidade de rebanho e, por isso aconteceu a segunda onda e a terceira, agora a população já está vacinada ou pelo menos grande parte e isso já corrobora de maneira muito forte para não ter casos de pacientes graves em larga escala. 

O índice de vacinação ainda não é o ideal no Brasil, é um pouco baixo, mas já avançou muito em relação ao ano passado. Não acredito em uma nova onda da doença no país. 

Com o avanço da vacinação chegamos a ouvir que essa nova onda da doença seria uma mutação da vacina, mas depois nada foi publicado pela comunidade médica. É verídico, devido a característica de mutação desse vírus?  

É tudo fake news. Tudo em relação à vacina em rede social é fake news. Muitos querem que a doença se perpetue pois virou uma indústria. Terrorismo para que a população não se vacine. 

Alguns especialistas de saúde no Brasil avaliaram que as festas no final do ano de 2020 contribuíram para os números altos de infecção do vírus nos primeiros meses de 2021. Mesmo com a vacinação é seguro comemorar o Natal e o réveillon?   

Olha, eu ainda eu sou cauteloso e acho que a gente não deveria afrouxar as precauções. Essencialmente no uso da máscara. A minha recomendação ainda é de manter as medidas preventivas, porque a gente não sabe o que vai acontecer daqui a um mês no Brasil. Pode ser que a doença e volte, eu acredito que não. Mas se você me perguntar se já devemos ter eventos em larga escala e tudo mais eu aconselho que não. Uma coisa é ter uma reunião de final de ano individualizada, de forma controlada, cada um na sua casa.  

Mas eu creio, na ordem do dia, a probabilidade de que ter um momento crítico igual foi em janeiro, fevereiro e março deste ano, vai ser muito difícil acontecer.   

Em Cuiabá, foi flexibilizada o uso de máscaras em locais abertos, qual sua avaliação? 

Eu por exemplo vou continuar usando máscara. E, mesmo tendo tomado terceira dose da vacina. Eu acho que a gente já pode começar a voltar a vida normal, essa é a leitura. Mas com as regras de biossegurança, de agora para frente essas regras devem fazer parte das nossas vidas. Se a pessoa está gripada não vai trabalhar; lavar as mãos constantemente; o uso da máscara, é uma coisa que a gente vai ter que individualizar mais para frente. Eu acho que, com avanço da vacina, a gente talvez pare mesmo de usar máscara.  

Nós temos que avaliar o seguinte, essa doença é respiratória, se uma pessoa estiver doente e tossir a outra pessoa próxima vai pegar, por isso a máscara é importante, seja em lugares abertos ou fechados. É a única maneira de não pegar: as pessoas preferem usar máscara ou pegar covid? 

O mundo inteiro e o Brasil passaram por essa doença, e na hora que enxergou já tinha seiscentos mil mortos no Brasil. Se seguíssemos as regras básicas de higiene, distanciamento, uso de máscaras, essas mortes poderiam ter sido evitadas lá a traz, naquela época que não tinha vacina que não tinha vacina e a gente não entendia direito que estava acontecendo. Hoje. É um outro momento. A vacina mudou a história da doença. Se hoje você me perguntar já posso andar sem máscara? Estamos caminhando para isso, mas eu ainda não flexibilizaria totalmente a dispensa da máscara em especial em determinados grupo de risco.  

É seguro pensarmos na realização das festas de Carnaval? 

Daqui para o Carnaval tem muito tempo. Se daqui até lá tivermos 80% da população vacinada eu creio que possa ocorrer e possamos flexibilizar alguma coisa.   

É muito cedo para fazer uma análise, eu acho que a gente vai ter uma análise em janeiro com o avanço da cobertura vacinal. Se tivermos um avanço vacinal bom acho que pode ter carnaval sim, mas vai depender de como que a gente vai estar e, principalmente, depois dos grupos vacinados com a terceira doses os números de infectados vão continuar sendo baixo.  

Eu acredito que a covid vai ficar igual à Influenza N1N1. De vez em quando vai ter um infectado, um que vai ficar grave, mas não vai ter mais aquele comportamento que já foi um dia. A covid vai permanecer e teremos que aprender a conviver.   

Qual sua mensagem e orientação aos gestores públicos e à população? 

A minha recomendação é que vacinem. Que todos tomem a terceira dose. Essa é a minha recomendação. Aos gestores públicos é de que não deixem faltar vacina. Repito, a recomendação do Doutor Luciano é de que vacinem a população inteira. E para os gestores que não deixem faltar vacina. Uma vez feito isso, acabou.  

E, também é bom alertar: todas as informações veiculadas em redes sociais em relação à vacina são fake news, terrorismo, para que a população não se vacine. Isso é errado. Eu tenho um exemplo de paciente que não se vacinou, não acreditou na vacina e está internado agora, em caso grave quase indo para a UTI e já era para ele ter tomado a terceira dose. Ele e a família estão desesperados. Esse paciente não acreditava na eficiência da vacina. E, quanto ao Carnaval, teremos que voltar a falar no final de janeiro para ver o que está acontecendo e se será seguro termos essa festa.  




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