• Cuiabá, 12 de Julho - 2025 00:00:00

O Governo Mauro Mendes é uma repetição de Dante de Oliveira, crava Wilson Santos


Rafaela Maximiano

O PSDB deve lançar candidaturas próprias para os cargos majoritários nas eleições de 2022 em Mato Grosso com objetivo de fortalecer o partido. A informação é do deputado estadual Wilson Santos que também confirma o projeto à reeleição. 

“A prioridade nossa é ter candidaturas próprias para os cargos majoritários, caso isso não aconteça nós deveremos conversar sim com Mauro Mendes, caso ele se proponha à reeleição”, afirmou Wilson Santos. 

Sobre a possibilidade de ele lançar a esposa a deputada estadual e disputar a prefeitura de Chapada, pontuou que se trata de “um boato, fake News” – assinalando ainda que “é uma nota que foi plantada por alguém maldoso, que deve estar descontente comigo por alguma razão”.

Sobre a filiação do presidente da República, Jair Bolsonaro, no PL, Wilson Santos - político experiente e cauteloso, resume que “sem dúvidas trará impactos à política nacional e em Mato Grosso, mas que somente nas próximas semanas nós vamos ter mais clareza em relação às consequências dessa filiação”.  

As declarações do deputado foram feitas durante Entrevista da Semana ao FocoCidade que também abordou a Educação no Estado, o olhar do deputado sobre a dislexia, o orçamento estadual para 2022, entre outros assuntos.  

O deputado também chama a atenção da sociedade para dois pontos. O positivo: “o grande avanço no orçamento para 2022 é a recuperação da capacidade do orçamento próprio do Estado de Mato Grosso - que deverá aplicar 14% em investimentos, em infraestrutura, em obras, em serviços”.  

E o negativo: “a participação zero da sociedade na proposta do orçamento estadual para 2022, mesmo duas audiências públicas realizadas”.   

Wilson Santos é dono de uma bagagem forte na política. É ex-deputado federal e na trajetória foi considerado em estudo da Folha de São Paulo "o deputado federal mais atuante de Mato Grosso" - Legislatura 1999-2002 (Edição de 27 de setembro de 2002).

O deputado se formou em Direito pela UFMT e antes de ingressar na Câmara Federal, foi eleito vereador por Cuiabá (1988) / em 1990 eleito deputado estadual e reeleito em 1994. Em 1998 foi eleito deputado federal pelo PMDB e reeleito pelo PSDB em 2002. 

Em 2004 Wilson Santos foi eleito prefeito de Cuiabá, sendo reeleito em 2008. A gestão teve como destaque, além de obras macro como a Avenida das Torres, sólidas ações na Educação. Criou por exemplo o CuiabáVest e o Bolsa Universitária. Recebeu vários prêmios, entre eles o de "Prefeito Amigo da Criança" - Fundação Abrinq. 

Em 2010 deixou o comando da Capital para disputar o Governo, mas perdeu a eleição. Foi eleito deputado estadual novamente em 2014 e reeleito em 2018. Em 2016 disputou a prefeitura de Cuiabá, mas sem êxito - sendo na sequência secretário de Estado das Cidades, Governo Pedro Taques.

O parlamentar, de desafeto do governador Mauro Mendes passou a aliado. O desempenho na ALMT também se evidencia por sua atuação na presidência das Comissões de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) e da Educação.

Confira a entrevista na íntegra e boa leitura:  

Deputado, educação que é uma das áreas de maior atuação sua ao longo da trajetória, qual sua análise sobre nível de ensino no Estado e geral nos municípios, considerando a fala frequente do governador de que em Mato Grosso temos um dos melhores pisos salariais, mas o Estado é um dos últimos na qualidade? 

Considero a maior de todas as tragédias brasileiras, mais grave que a carnificina anual onde mais de 60 mil pessoas são assassinadas, mais do que a perda de 60 mil brasileiros no trânsito, a maior tragédia deste país na minha concepção é a qualidade do ensino público. E, em Mato Grosso, não é diferente. Sem dúvida é um crime de lesa-pátria o que o Estado Brasileiro em todos os seus níveis, municipal, estadual e nacional, faz com os filhos dos mais pobres, das classes C, D e E. Já conseguimos universalizar o acesso ao ensino fundamental, agora é preciso estabelecer como meta de Estado, qualidade do ensino público no país. 

O Simpósio de Dislexia no qual seu trabalho também é destaque, qual o resultado desse trabalho na prática e quais as próximas ações? 

Desde 2015, quando retornei à Assembleia, eu tenho tratado a educação inclusiva como prioridade no meu trabalho. São grupos que passam invisíveis no Estado e que precisam receber um tratamento descente como a Constituição estabelece. Então abraçamos a causa da dislexia, do autismo, agora mais recente da mulher surda, todas essas minorias, todas essas pessoas com distúrbios de aprendizagem ou qualquer outro tipo de deficiência tem merecido do nosso gabinete e da nossa equipe uma prioridade.   

Em relação à dislexia já conseguimos aprovar seis leis em nosso Estado que beneficiam diretamente os disléxicos. Estamos agora também avançando em várias propostas para os autistas e também para as mulheres surdas, e, aguardamos com muita ansiedade a reforma da Escola Estadual Nilo Póvoas, aqui no bairro Bandeirantes, que será um grande centro exclusivamente dedicado à educação inclusiva. Teremos lá, o primeiro centro de diagnóstico para suspeitos de dislexia, autismo; enfim, finalmente o Estado começou a olhar esse segmento de milhares e milhares mato-grossenses que infelizmente passaram todo esse tempo como seres invisíveis no Estado.  

Na Assembleia Legislativa o senhor está no comando da CCJR, a Comissão de Constituição, Justiça e Redação – e há poucos dias reclamou da falta de deputados da Comissão e também da sociedade nos debates do orçamento do Estado. Na sua análise, por que desse quadro? 

Lei Orçamentária 2022: lamentavelmente o momento mais importante do parlamento anualmente continua sendo desprestigiado, desvalorizado. A proposta do orçamento para 2022 encontra-se na Assembleia desde o último dia 30 de setembro, já foram realizadas duas audiências públicas pela Assembleia com a participação zero da sociedade. Isso é um absurdo, o cidadão sequer está participando do momento em que o Governo, o Estado, decide onde aplicar o dinheiro do cidadão. Nos países civilizados é o momento de maior participação nos parlamentos justamente a discussão de onde o Estado vai colocar os recursos do cidadão. Uma pena, o parlamento precisa divulgar mais isso, irradiar isso, provocar a sociedade para que nos próximos anos tenhamos uma participação mais efetiva. Porque essa participação vai dar com certeza, qualidade na definição da aplicação dos recursos do cidadão.  

Ainda em relação ao orçamento do Estado, o que a população pode esperar em termos de avanços, já que os cofres públicos de Mato Grosso estão equilibrados? 

O grande avanço no orçamento para 2022 é a recuperação da capacidade do orçamento próprio do Estado de Mato Grosso. O Governo do Estado deverá aplicar da sua receita corrente líquida algo em torno de 14% em investimentos, em infraestrutura, em obras, em serviços. Isso sem dúvida é uma notícia muito positiva, e que o Estado continue assim, e que o Governo não perca a mão nisso. Agora é preciso, na minha concepção, inverter a lógica de construção do orçamento. Nós temos que começar estabelecendo qual é a meta de investimentos na sociedade, garantir essa meta, e vir de lá para cá fazendo os ajustes orçamentários internos.  

O que mais interessa é o crescimento da capacidade de investimento próprio do Estado, na sociedade, no cidadão. Se neste ano foi 14, ano que vem 15, 16, 17 e assim por diante. E a partir que estabelecer essa meta é que você define quanto vai gastar aqui para dentro com diárias, com combustíveis, com consumo de energia elétrica, com pagamento da dívida, enfim, a prioridade não é o que se faz hoje: onde primeiro se estabelece os gastos, enquanto temos que primeiro priorizar o cidadão que é o dono desse dinheiro definindo anualmente um percentual cada vez maior de investimento na sociedade.  

Emendas impositivas: a Assembleia Legislativa criou comissão especial para dar segurança de liberação junto ao orçamento. Por que, não são emendas impositivas? Não seria mais simples o Estado cumprir?   

Olha essa história já vem de muito tempo, o Executivo não tem simpatia em cumprir com o Parlamento o quesito emendas parlamentares. Já vem de vários governos, essa novidade foi trazida pela Constituição de 1988, a Constituição Federal. Se você fizer um estudo histórico de lá para cá verá que raramente os governos Federal e Estadual cumprem com seus parlamentos.   

No atual Governo de Mauro Mendes Ferreira esse percentual tem aumentado a cada ano e agora a Assembleia criou uma coordenadoria para que esse trabalho fosse afinado com a Casa Civil e a cada não esse percentual de pagamento de emendas aumenta. Até porque é um direito constitucional do parlamentar e que na maioria das vezes não é cumprido. Eu espero que agora, a partir desses novos procedimentos, a partir desses novos entendimentos com o Executivo possa haver um percentual cada vez maior de pagamento.  

O Governo Mauro Mendes, sua avaliação das ações até aqui.  

O Governo Mauro Mendes Ferreira, dadas as devidas proporções, é uma repetição do Governo Dante de Oliveira. Fazendo arrumação da Casa, conseguiu logo de imediato aprovar leis importantíssimas de ajuste fiscal, fez a redução do tamanho da máquina pública e hoje colhe dividendos. O Governo hoje fechou o ano com mais de R$ 4 bilhões em caixa. Salários dos servidores em dia, fornecedores em dia, e um pacote de obras importante nos quatro cantos do Estado. Então o Governo colhe justamente aquelas decisões necessárias que foram tomadas já no primeiro mês de gestão em janeiro de 2019.  

E o PSDB, plano 2022, como o senhor - um dos principais líderes - entende ser o melhor caminho para recuperar terreno perdido no Estado? Se confirmado o projeto a reeleição de Mauro Mendes, hoje o senhor apoiaria? 

Nas eleições de 2022 a prioridade do PSDB é por candidaturas próprias, o partido tem uma tradição de disputar eleições em Mato Grosso, governou Mato Grosso, tem relevantes e importantíssimos serviços prestados ao Estado, arrumou esse Estado, tornou Mato Grosso campeão nacional em crescimento e tem bons quadros. A prioridade nossa ter candidatura própria para os cargos majoritários, caso isso não aconteça nós deveremos conversar sim com Mauro Mendes, caso ele se proponha à reeleição.   

Qual seu projeto político, já que há rumores de que o senhor poderia reavaliar os planos a reeleição, e lançar sua esposa a deputada estadual? E nesse sentido, nos bastidores se cogita o senhor disputar a prefeitura de Chapada dos Guimarães?  

Com relação a esse boato que corre em que eu não deveria disputar a reeleição é boato. É uma nota que foi plantada por alguém maldoso, que deve estar descontente comigo por alguma razão, mas nós temos trabalhado diuturnamente em favor da sociedade, vide a conquista na Unemat para Cuiabá, vide a vitória da não extinção da Metamat, emendas sendo aplicadas em dezenas de municípios no Estado, e o nosso nome já começa a aparecer bem em todas as pesquisas feitas para deputado estado.   

Então, o propósito da nossa base, quem decide não sou eu, a nossa base, os companheiros que nos acompanham a um bom tempo, a proposta é sim de disputar o projeto de reeleição para deputado estadual no ano que vem. O resto é boato, é fake news.  

No cenário nacional: qual sua avaliação da filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL. Isso altera os contornos para a disputa de 2022 em Mato Grosso?  

A filiação do presidente Bolsonaro no PL como vem sendo anunciado, sem dúvida, é um fato novo na política nacional e traz impactos também em Mato Grosso. Nas próximas semanas nós vamos ter mais clareza em relação as consequências dessa filiação.  

Em relação aos impostos que têm impactado de forma geral no bolso da população. O que esperar da mensagem do Governo sobre a redução da tributação?  

A redução dos impostos em Mato Grosso a partir de janeiro próximo, é algo histórico, muito importante, necessário e oportuno. O Governo fez o dever de casa lá em 2019, tomou medidas duras e necessárias, e, agora tem condições de reduzir a carga tributária. É algo histórico, importante e que vai amenizar no bolso de todos nós, mas principalmente vai transformar Mato Grosso, num Estado mais atraente ao capital nacional e internacional.  

Suas considerações finais…  

Quero só registrar a minha alegria e felicidade, depois de 28 anos de luta, de termos já funcionando em Cuiabá um polo da Unemat, com três cursos superiores, 240 jovens de origem pobre das classes C, D e E, já fazendo uma universidade pública, gratuita e de boa qualidade. A gente fecha o ano com chave de ouro, agradeço aqui ao ex-governador Pedro Taques que iniciou esse processo e ao governador Mauro Mendes que concluiu a vinda da Unemat para Cuiabá. Quem ganha com isso são os filhos dos mais pobres. 




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