Eduardo Gomes
Semana de ódio e idolatria em razão do julgamento de Lula, que resultou na sua condenação. Nosso Mato Grosso dito intelectual, formador de opinião e politizado – com uma ou outra exceção – protagonizou esse irracional antagonismo.
Li com pesar nas redes sociais os textos que bem revelam a alma de seus autores. Lula bandido – o ex-presidente tem defeitos e culpa em cartório, mas não merece esse rótulo. Homem casto – também não é digno desse título.
Quem adota esse radicalismo não contribui para passar o Brasil a limpo, para a formação de um Estado socialmente justo, ecologicamente correto e com reconhecimento internacional como grande nação em todos os sentidos.
A divergência sobre Lula (Temer, Aécio e assemelhados) tira o foco da discussão sobre os problemas mato-grossenses. É mais cômodo xingar Temer do que botar o dedo da ferida do sucateamento dos hospitais regionais, no afastamento de seis conselheiros do Tribunal de Contas do Estado, nas investigações sobre a maioria dos deputados estaduais, na Grampolândia Pantaneira; no paletó ou na caixa de papelão para acomodar dinheiro do esquema Silval recebido por Emanuel Pinheiro, José Domingos e Ezequiel Fonseca. A crítica geograficamente cautelosa é quase (ou tão) grave quanto os crimes locais que ela desqualifica.
As questões nacionais interessam a Mato Grosso, porém, os assuntos mato-grossenses é que movem a Terra de Rondon, ditam as regras dos serviços de saúde púbica, segurança, educação, garantias individuais e coletivas, qualidade das obras, transparência administrativa e desempenho parlamentar.
O caso Triplex é uma gota d’água no oceano da corrupção e como os demais não pode ficar impune, mas não o vejo como fundamento para ódio e paixão. Tenho convicção que o governo Lula foi corrupto tanto quanto os outros. Imagino que a força social o escolheu para Cristo por se tratar de um retirante nordestino toscamente alfabetizado. Prefiro vê-lo pelo olhar da razão regional. O ex-presidente executou o maior programa social de todos os tempos em Mato Grosso: Luz Para Todos, que gratuitamente levou energia interligada ao sistema nacional a quase 500 mil cidadãos na zona rural e vilas. Lula avançou com pavimentação e trilhos pelos municípios. Em Cuiabá seu governo despejou um mar de dinheiro para obras de mobilidade urbana para a Copa do Mundo, que se não tivessem sido executadas nossa capital estaria estrangulada – claro que boa parte da dinheirama foi afanada, mas não por ele. Nada contra a condenação, mas esse tipo de posicionamento passional majoritário nos mostra que o Brasil precisa de uma guinada radical a partir do povo, do qual saem os políticos.
Eduardo Gomes de Andrade é jornalista


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