João Edison
Há muito tempo questões de cunho feminista causam desconforto entre grupos de pessoas, famílias (tradicionais) e principalmente em “homens” habituados a uma zona de conforto alicerçado por valores culturais milenares. Mas até quando iremos aceitar como “normal” o importuno (assédio) e até o crime (violência física ou psicológica) contra a mulher?
Por isso a premiação do Globo de Ouro 2018 contou com todas as atrizes trajando vestidos pretos. Essa foi a forma que os envolvidos (artistas e ativistas) encontraram para divulgar o recém-criado movimento Time’s Up, que luta pelo fim do assédio e abuso sexual nos ambientes de trabalho e a favor da equidade de gênero, muito por conta das denuncias até de estupros ocorridos em Hollywood.
Logo o tema ganhou repercussão mundial, um tanto pelo discurso da apresentadora de TV e homenageada da noite, Oprah Winfrey, outro tanto pela reação de um grupo de mulheres francesas que produziu um manifesto condenando a veemência dos discursos produzidos pelas celebridades norte americanas e até defendendo um certo “assédio brando” como forma de abordagem das mulheres.
A pergunta é: e nós, os brasileiros, o que achamos disso tudo? Qual é nosso papel nesta discussão? Eu tenho restrições a vários conceitos cuja palavra termina com “ismo” por ser adepto do bom senso e nunca ao extremismo a qualquer preço, mas eis uma questão que penso que justamente quem defende o bom senso deve entrar de cabeça.
A verdade é que teremos que sermos homens na concepção da palavra para entender que esta não é apenas uma luta de grupos ideológicos ou causa de sobrevivência de “feminista mal amada”; esta é uma causa de todo ser humano digno e respeitoso que possui o mínimo de saúde mental.
Me perdoem as francesas, mas qualquer ser humano minimamente inteligente e bem “intencionado” sabe qual a diferença de uma abordagem constrangedora e/ou agressiva de um contato ou até uma tentativa de paquera respeitosa. Todos sabem a diferença entre carinho, diálogo e violência.
Mas a luta não é fácil e está longe de acabar, pois o conforto cultural e a permissividade masculina é tanta que até parte significativa das próprias mulheres (inclusive mães) ainda não perceberam o quão grave e nojento são as ações e pressões por favores sexuais ou contatos verbais ou físicos que criam uma atmosfera ofensiva e hostil as pessoas.
A sociedade está longe de entender os valores de igualdade e respeito a todos, mas se eu enquanto homem não consegui até aqui, ser agente capaz de construir um mundo mais digno e mais respeitoso para as mulheres de minha geração, que ninguém me impeça de colaborar com as feministas para que as pessoas destas e das próximas gerações não sejam mais coniventes com abusos, chantagens e violência. Não é mimimi, é uma questão de respeito.
João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.


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