Da Redação - FocoCidade
A concessão da rodovia BR-163, da divisa de Mato Grosso do Sul até Sinop, está sob-risco iminente, abrindo campo para colapso sem precedentes em Mato Grosso.
Isso porque a Rota do Oeste pode ter seu contrato revogado por descumprimento contratual. A empresa não conseguiu os empréstimos de longo prazo que financiariam as obras programadas no projeto de concessão. A situação é motivo de preocupação, já que a demora pode resultar num estrangulamento do calendário de obras.
Na quarta-feira, 3, os três senadores e a bancada de deputados federais se reuniram com o ministro Maurício Quintella Lessa, dos Transportes, e a direção da concessionária Rota do Oeste. O objetivo foi buscar uma alternativa que evite, principalmente, a paralisação das obras de duplicação da rodovia.
Participaram também das discussões os dirigentes do Movimento Pró-Logística, Instituto Brasil Logística, Associação de Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja), Federação de Agricultura de Mato Grosso (Famato), Associação Matogrossense dos Municípios (AMM), Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre (DNIT).
A concessão da BR-163 prevê investimentos na ordem de R$ 6,8 bilhões ao longo dos 30 anos, sendo R$ 3,9 bilhões aplicados nos cinco primeiros anos. Além da duplicação, estavam previstos trabalhos de recuperação, conservação, manutenção, implantação de melhorias, serviços de operações e atendimentos aos usuários. O primeiro trecho duplicado foi de 117,6 quilômetros, entregue em março de 2016. Além disso, também recuperou-se 28 quilômetros da Rodovia dos Imigrantes (BR-070), o chamado “Contorno Sul” de Cuiabá e Várzea Grande.
Durante a reunião, os dirigentes da Rota do Oeste admitiram dificuldades de operacionalizar os empréstimos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), considerados de longo prazo. Sem isso, segundo eles, torna-se inviável realizar as obras de duplicação e cumprir com o cronograma contratado na concessão. A empresa vem executando – de forma precária – apenas manutenção e reparos na rodovia.
A falta de financiamentos de longo prazo é um problema que ocorre em praticamente todas as concessões. O assunto já foi alvo de várias intervenções por parte da bancada federal de Mato Grosso em reuniões com a direção do BNDES. “O Ministério tem plena consciência do que está acontecendo. São fatores supervenientes. Mas temos um contrato que precisa ser cumprido” – disse o ministro Maurício Quintella.
Além das dificuldades para obtenção de financiamento junto ao BNDES, alterações promovidas pela Câmara dos Deputados no texto da Medida Provisória 752 - especificamente a que permite que empresas que devolverem as concessões de forma amigável possam participar da licitação do empreendimento - devem trazer dificuldades adicionais.
Na reunião no Ministério dos Transportes foram também debatidas as alternativas para a concessão. Avaliou-se a possibilidade de a Rota do Oeste se valer da MP 752 para devolver a concessão de forma amigável. Esse fato permitiria a realização de uma nova licitação, mas ocorreria um atraso de pelo menos dois anos nas obras. Também se discutiu a possibilidade de a empresa buscar outros parceiros para realização dos investimentos, por meio da venda do controle acionário.
"Seja como for, Mato Grosso não pode ser penalizado por causa disso. A população não pode ser penalizada. Precisamos adotar uma alternativa segura porque a BR 163 é uma rodovia fundamental para o Brasil, tanto no aspecto social como econômico" – observou o senador Wellington Fagundes (PR), que articulou a reunião.
Na mesma linha seguiram os senadores Cidinho Santos (PR) e José Medeiros (PSD), além dos deputados Victório Galli (PSC) e Valtenir Pereira (PMDB). Na reunião foi lembrado que o pouco que já se fez resultou em considerável redução no número de mortes e acidentes fatais.
“Não nos interessa quem seja o dono da concessão, quem seja o dono da empresa. Para nós é importante que as obras saiam do papel” – disse Medeiros. Para o senador Cidinho Santos, a situação gerou uma quebra de expectativas. “A luta pela duplicação da BR-163 era um sonho. Quando veio a concessão se criou uma grande esperança em todos. E agora estamos nessa situação dificílima” – ele frisou.
A direção da Rota do Oeste apresentou um cronograma de desenvolvimento de ações para assegurar a conservação da rodovia até que haja um desfecho sobre a contratação de empréstimo de longo prazo para as obras de duplicação. O cronograma também prevê a transferência do controle acionário da empresa. Também se comprometeu a manter as ações para garantir a boa trafegabilidade e a segurança na rodovia.
Fagundes disse que a bancada federal de Mato Grosso seguirá mobilizada e atenta, mantendo reuniões com o Ministério dos Transportes e demais órgãos governamentais, para que se chegue a uma solução que garanta segurança a todos os agentes envolvidos diretamente com a BR-163. “Vamos cobrar do presidente Michel Temer, do BNDES, do Planejamento a liberação desses empréstimos de longo prazo para a Rota do Oeste ou a empresa que tiver o controle da concessão. O que não se pode é permitir que a rodovia pare, especialmente pelo valor expressivo da contribuição de Mato Grosso para o Brasil” – afirmou. (Com assessoria)
Ainda não há comentários.
Veja mais:
PC: homem é preso com quase 3 mil arquivos de pornografia infantil
TCE: parecer favorável à aprovação das Contas 2024 do Governo de MT
CPMI do INSS: senador pede legislação que dê segurança aos aposentados
Assalto violento em fazenda: TJ nega redução de pena
Após incêndio em veículo, Justiça condena empresa de ônibus
Polícia Federal desmantela grupo acusado de crime de moeda falsa
Operação Ruptura da Polícia Civil mira facções em Mato Grosso
Câmara pauta projeto que regula redes sociais para crianças
Decisão: intimação eletrônica equivale à pessoal em processos
42 anos da FCDL-MT: uma trajetória de fortalecimento do comércio e desenvolvimento para Mato Grosso