• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Ditaduras de esquerda

  • Artigo por Alfredo da Mota Menezes
  • 15/08/2024 08:08:33
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                Momento estranho da esquerda politica na América Latina. Está fazendo a mesma coisa que condenavam antes nos governos de direita. Na Nicarágua, Daniel Ortega, arrumou jeito de não sair mais do poder. A história dele reforça no mundo a ideia de que a região continua a produzir coisas bizarras na politica.

                Ele era do grupo guerrilheiro Sandinista que derrubou a ditadura da família Somoza na Nicarágua. Uma família que passava o poder, em eleições fraudulentas, de pai para filhos. Quando Ortega e os Sandinistas fazem o enfrentamento com esse grupo de direita, o mundo aplaudiu.

            Grupo politico familiar que teve suporte e apoio dos EUA por décadas na suposta intenção de não permitir a tomada do poder por grupos de esquerda em plena Guerra Fria. Mas o trabalho dos guerrilheiros foi aclamado pelo público norte americano e o governo não poderia derrubar os que assumiam o poder. Aplauso mundial à atitude de Ortega e amigos.

                O que faz o Ortega hoje? Repete a ditadura da família Somoza, talvez até com mais violência. A vice-presidente é sua esposa. As cadeias estão cheias de opositores, torturas estão na ordem do dia. Imprensa amordaçada e milhares de nicaraguenses deixam o país. Alterou a Constituição e pode se “eleger” quantas vezes quiser.

             Cadê o guerrilheiro de esquerda que chegava ao poder para recriar a democracia em sua terra? Age como a família Somoza ou até pior porque agora passou a enfrentar a Igreja Católica que dera suporte a ele na luta para chegar ao poder. A esquerda mundial que o aplaudia, quando derrubou a ditadura anterior, agora se espanta com a ditadura de esquerda no pequeno país centro americana.

                Outro caso na região é o da Venezuela. Este país não teve ditadura militar na época que isso explodiu na América Latina no momento da Guerra Fria. Com apoio forte dos EUA para se criar tantas ditaduras militares na área, incluindo aquela nossa aqui.

            Na Venezuela era diferente: eleição normal, troca de governos, disputas partidárias. Melhorou ainda mais quando explode o preço do barril de petróleo e aquele país parecia que seria a dianteira na América Latina. Que seria ali o exemplo e caminho, muita riqueza chegando e regime democrático com eleições normais e trocas de governos como manda o figurino democrático.

                Daqui a apouco aparece um coronel, Hugo Chaves, para dizer que aquele regime enriquecia alguns, mas para a maioria da população aquele dinheiro não chegava. Que os partidos políticos dali não valiam nada. Consegue ganhar a opinião interna e externa de que deveria haver mudança na politica e na economia.

                Hoje com o regime chavista e Nicolas Maduro no comando, o país praticamente quebrou. Quase sete milhões de venezuelanos deixaram o pais. A agricultura e indústria despencaram. Vivem só do petróleo e com controle de tudo pelo grupo que se dizia democrático e que chegara ao poder para mudar o pais. Outro grupo de esquerda que desmoraliza a atuação desse segmento politico na América Latina e perante o mundo.

            Nem se entra no caso de Cuba que hoje exportam mais cubanos do que sacas de açúcar.

 

Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.

E-mail: pox@terra.com.br               



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