Fala-se em recuperação de algumas igrejas em Cuiabá e região. Independente do aspecto religioso essas recuperações são importantes e úteis. Não se pode deixar que obras com arquitetura mais antiga e atrativa possam desabar. Reforma ajuda a manter a história de momentos diferentes do estado. Um assunto desses deveria merecer mais divulgação por parte dos órgãos públicos envolvidos nessas reformas. Chamar a opinião pública para dentro disso também.
Quando se fala em recuperação arquitetônica de igreja vem à mente o que ocorreu com a Igreja matriz em Cuiabá. Ao invés de se fazer uma reforma adequada naquela Igreja no centro de Cuiabá resolveram derrubar o que havia para se construir outra. Se queriam construir outra que fosse em outro lugar da capital e não derrubar aquele templo religioso.
A coisa foi tão esquisita que tiveram que explodir com bombas paredes da igreja para construir a outra. Se usaram bombas é porque a igreja tinha uma construção firme ainda. Se fosse reformada hoje seria lugar de muitas visitas, além do aspecto religioso. Em outros lugares do Brasil procuraram manter todas as igrejas com suas características arquitetônicas. Aqui entenderam de derrubar uma até mesmo com bombas.
Arquitetura antiga mantida, não só de igrejas, ajuda no turismo. Pessoas em visitas a Cuiabá, como exemplo, preferem observar e curtir o centro histórico da cidade, como ocorre em tantos outros lugares do Brasil. E, no caso de Cuiabá, igrejas preservadas, mais o centro histórico, são importantes até mesmo para atrair turistas.
Quando se fala em preservar arquiteturas antigas em uma cidade e como usar isso como atração turística esta coluna cita outra vez o caso da cidade de Nova Orleans nos EUA. Ela está na Louisiana, lugar que antes pertenceu à Espanha França. A arquitetura ali, principalmente no chamado Quarteirão Francês, tem essas influências e são bastante diferentes do resto do país. Tudo foi mantido.
E tem atenção do poder público para isso. Tem até corpo de bombeiros especifico para aquela área. Lugar que gera turismo e renda para a cidade. Ninguém vai a Nova Orleans sem ir ao French Quarter. A alma da cidade.
E a cidade recebe cerca de 20 milhões de turistas por ano. A maioria de norte americano. Parece que existe nos EUA aquilo que se fala da religião islâmica de que a pessoa tem que ir pelo menos uma ver na vida a Meca. Fatos sugerem que o norte americano segue isso com uma ida pelo menos uma vez na vida a Nova Orleans e o Centro Histórico é passagem obrigatória.
Voltando para casa. A recuperação de Igrejas em Cuiabá e região ajuda o turismo, além do fundamental no aspecto religioso. É investimento e não gasto o que se destina a essas obras.
Para finalizar, vota-se à choraminga: se não tivessem derrubado a Igreja matriz para construir outra, o turismo na região central da cidade seria até maior do que é hoje. Erro histórico irreparável.
Alfredo da Mota Menezes é professor, escritor e analista político.
E-mail: pox@terra.com.br
Ainda não há comentários.