• Cuiabá, 12 de Fevereiro - 00:00:00

É pra frente que se anda

         Dois fatos me estimularam a escrever este artigo. A visita de comitivas chinesas em Mato Grosso em número cada vez maior e com menos intervalo de tempo. O segundo, foi a indagação de alguns leitores, me questionando se estou super-valorizando as potencialidades de Mato Grosso para os próximos anos.

         Lembro-me que no ano 2000, o Sebrae-MT me contratou pra fazer 15 palestras nos polos com potencial de desenvolvimento no médio prazo. Em Campo Verde e em Nova Mutum fui vaiado. Não acreditaram nos cenários que apresentei para os 20 anos seguintes. Havia crise. Hoje os dois são riquíssimos e  referenciais no Estado.

         Nunca parei de observar e tentas compreender os cenários mato-grossenses e projetá-los frente ao mundo. Sou muito criticado. O tempo tem sido o senhor da razão. Naquele momento de 2000, Mato Grosso produzia algo como 5 milhões de toneladas de soja e uma safra só na agricultura. Hoje passa de 38 milhões, somando-se igual valor em milho. E são três as safras agrícolas. O rebanho bovino é, de longe, o maior do país.

         Voltando às missões chinesas no Estado. Dados da Federação das Indústrias de Mato Grosso apontam que em 2030 o Estado terá 800 mil vagas de trabalho abertas no agronegócio, na indústria, no comércio e nos serviços. Se considerarmos a população atual de 3 milhões e 658 mil habitantes, nem de longe teremos gente pra ocupar tantas vagas de trabalho. Mesmo assim, a disponibilidade de gente hoje esbarra no problema da desqualificação profissional.

         Talvez seja essa a maior demanda desses próximos anos. As entidades responsáveis precisam correr atrás do mercado. As do setor público terão grandes dificuldades por contas das ideologias esquerdistas que negam a economia. Ou pela burocracia paralisante do atraso e do descompromisso com o mercado. E as privadas, como Senar, Senai, Senac e Senat, principalmente, terão eu se redesenhar. São elas que estão diretamente ligadas às demandas por gente no mercado de trabalho.

         Os riscos são iminentes. Mato Grosso já está buscando gente qualificada fora. É hoje o maior caçador de cérebros do país. De outro lado, a crise econômica europeia vai expulsar milhares de jovens muito bem qualificados a buscarem caminhos no Brasil. No seu pragmatismo cínico, os chineses já ignoram os nossos jovens e trazem de lá os seus excedentes técnicos.

         Quero lembrar a projeção de produção do IMEA, de que em 2030, Mato Grosso estará produzindo 120 milhões de toneladas de alimentos, já com elevado índice de industrialização, à semelhança do etanol de milho.

         Há, portanto, um mundo novo pela frente. A política e o mundo público não parecem muito interessados em compreender isso!

 

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.

onofreribeiro@onofreribeiro.com.br    www.onofreribeiro.com.br



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