• Cuiabá, 21 de Novembro - 00:00:00

Avanço da Obesidade aumenta risco de doenças cardiovasculares

A gordura abdominal aumenta o risco de entupimento das artérias, dificultando o desempenho adequado do coração; controle nutricional e atividade física regular reduzem os riscos em até 58%.

Um dos fatores de risco das doenças cardiovasculares que têm se tornado prevalentes nos últimos anos é o excesso de peso. Das seis principais causas de morte no Brasil, quatro estão diretamente ligadas à obesidade: acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, diabetes e hipertensão.

Indicadores do Ministério da Saúde mostram o avanço do problema com o aumento de 60% da prevalência da obesidade no Brasil nos últimos dez anos, passando de 11,8% em 2006 para 18,9% em 2016. O sobrepeso na população também subiu de 42,6% para 53,8% no período. Ou seja, a maioria dos brasileiros está acima do peso ideal.

A preocupação não é só com a obesidade mórbida, mesmo pessoas com sobrepeso começam a ter taxas de glicemia altas. O país que já teve alta taxa de subnutridos agora registra uma verdadeira epidemia da obesidade, que está associada a um aumento do risco de doenças cardiovasculares.

O tecido adiposo, antes considerado um fator de sobrevivência, passou a ser um alto risco para o coração. Esse reservatório da energia normalmente utilizada nos processos metabólicos de manutenção das atividades diárias teve uma mudança radical do seu papel por causa da modificação do estilo de vida, dos hábitos alimentares e do aumento do sedentarismo.

Hoje compreendemos melhor como o excesso de gordura, especialmente de localização visceral, promove profundas alterações em nosso organismo.

A gordura em torno dos órgãos dentro da cavidade abdominal, conhecida como gordura abdominal, aumenta o risco de entupimento das artérias, dificultando o desempenho adequado do coração. Isso ocorre porque o acúmulo de células gordurosas produz substâncias inflamatórias que se alojam nos vasos sanguíneos. As placas de gordura que se formam obstruem a passagem do sangue, o que pode causar infartos e derrames.

É importante conscientizar a população quanto aos riscos que o excesso de peso traz à saúde. A princípio, a obesidade pode ser evitada ou tratada, mas todas as medidas requerem grandes modificações do estilo de vida. Com um controle nutricional adequado, restringindo gorduras saturadas e carboidratos, e atividade física regular, é possível reduzir em até 58% o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. Medicamentos para controlar ansiedade podem ser indicados e, em casos especiais, até mesmo a cirurgia bariátrica.

Um estilo de vida saudável requer mudanças nos hábitos tradicionais e demanda disciplina, requer cuidado médico, apoio nutricional e psicológico e acima de tudo suporte familiar. Apesar das dificuldades, e diante da epidemia de doenças cardiovasculares, este é o desafio que temos a enfrentar. Na prática, para saber quando a gordura abdominal compromete a saúde, a medição da circunferência abdominal com uma fita métrica não pode passar de 88 cm, nas mulheres, e de 102 cm, nos homens. O problema estáassociado a níveis altos de triglicerídeos, baixos níveis do bom colesterol (HDL), resistência à ação da insulina e consequente elevação dos níveis do açúcar no sangue (diabetes).

 

Max Lima é médico especialista em cardiologia e terapia intensiva, conselheiro do CFM, médico do corpo clínico do hospital israelita Albert Einstein, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia de Mato Grosso(SBCMT), Médico Cardiologista do Heart Team Ecardio no Hospital Amecor e na Clínica Vida , Saúde e Diagnóstico. CRMT 6194

 Email: maxwlima@hotmail.com



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