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Espinhos...

  • Artigo por Gonçalo Antunes de Barros Neto
  • 24/03/2021
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            As flores, quando ‘faladas’, se revelam. Caminhando a humanidade vive seus ciclos, dado que o tempo é criação de quem foi criado. E de quem foi criado não se diz perfeito, mas em superação.

            Do pensamento grego antigo, temos que a felicidade atende pela aritmética da realidade menos expectativa. O que querem os analfabetos funcionais? E os ingênuos políticos? A felicidade, ao que parece. Pois, então, que finquem os pés no chão, deixando a dialética fluir.

            Do contrato rousseauniano aos valores kantianos da racionalidade normativa e, parando por pequena parcela de anos, o que já é sintomático, no utilitarismo de Mill, voltamos à ética socrática. Tentamos, ainda, em argumento quase que circular, nos descobrir, descortinar a vida, sob os aplausos dos valores e das necessidades, sem, contudo, ouvir Aristóteles.

            ‘A detida análise da realidade, a observação da natureza e dos fenômenos, a dissecação da vida e os estudos de cunho biológico transportaram-se para os campos político e ético, operando-se profunda inovação nos métodos científicos adotados até o momento. A terapia do corpo doutrinada por Hipócrates fundiu-se idealmente com a terapia da alma doutrinada por Sócrates resultando-se numa harmônica combinação dos métodos indutivo e dedutivo de conhecimento’ (Eduardo Bittar, Curso de Filosofia Aristotélica). Aristóteles é atual.

            O que é eterno não pode não ser em algum momento, do que resulta que o que não é em nenhum momento não pode ser eterno (Tratado). Aqui resume o erro político de lideranças políticas, especialmente as autoritárias. Acreditam ser eternas e, considerando o tempo e mandato, não aceitam o jogo democrático da alternância.

            É fácil derrubar um partido político, mas não se derruba uma ideia, uma cultura ou mesmo uma ideologia, ainda mais sem liderança consistente, pragmatismo, militância e pressupostos sinceros. Esse é o dilema, gritar não faz coro à vitória, é turba, é massa manobrável.

            O pequeno burguês, por sua natureza ideológica, nada entende de referencial teórico. A pátria que pressupõe é a da mais valia. Precisa sentir-se em segurança. Ameaçá-lo, o põe em alerta, e passa a jogar pela canalha, inimiga da democracia. 

            Hoje, as coisas estão diferenciadas, a força se iguala, o que torna o estado de possível alteração institucional ainda mais perigoso. O momento é muito delicado. Na essência, as altercações políticas são sempre bem vindas, oxigenam e renovam a burocracia. Na planície, causam estragos, terror.  

           De Caxias a Jango seria exagero afirmar preferências políticas numa quadra tão distante; mas a verdade é que ninguém quer o exemplo dos Quadros e nem dos Vargas.

           O Brasil é bem maior que os seus políticos e suas manias de grandeza e perpetuação. Afinal, o seu povo não joga as peras com seu amo.

            É por aí...

 

Gonçalo Antunes de Barros Neto tem formação acadêmica em Filosofia e Direito, autor da página BEDELHO.FILOSÓFICO no Facebook e |Instagram e escreve aos domingos em A Gazeta. (email: bedelho.filosofico@gmail.com)



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