Dia 26 de março se comemora 30 anos da fundação do Mercosul. Haverá um evento em Buenos Aires, Bolsonaro diz que estará presente. Terá também um encontro particular com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez.
É bom que o Brasil faça essa aproximação. A Argentina é o país que mais compra produtos industrializados do Brasil. O comércio entre os dois lados é robusto. Como Bolsonaro não mostrava interesse numa aproximação, aliás, até criticou o governo dali por ter viés de esquerda, a Argentina também começou a olhar para outros lugares.
Foi muito comentada a visita que Fernandez fez, poucos dias atrás, ao México. Fala-se em aumentar as relações econômicas entre os dois países. Talvez seja o meio que a Argentina encontrou para ter outro parceiro importante da área, e que está na integração da América do Norte, já que o Brasil não mostrava interesse em aproximação maior. Será que isso é que acendeu a luz amarela e agora Bolsonaro faz acenos ao país vizinho? Até elogiou o governo.
Tem um assunto da pauta do Mercosul que vai medir essa aproximação. É que o Brasil, junto com o Uruguai, querem maior flexibilização de atos e ações do Mercosul. Hoje um país do bloco só estabelece algum tipo de relação econômica ou comercial com outro fora do bloco se forem todos juntos. Sozinho não pode ir. A Argentina e o Paraguai não querem a flexibilização. Vai ser interessante o encontro em Buenos Aires.
Outro assunto da América Latina que chama atenção está em Cuba. O regime quer caminhar um pouco mais para o liberalismo econômico. Será permitido, aos poucos e com enorme cuidado, abrir empresas individuais. Hoje se tem 13% da população em atividades “empresarias” sob olhar de perto do governo. Querem abrir muito mais.
Mas estão dizendo que essa abertura de empresas, marcha lenta para a inciativa privada, não pode criar desigualdade social no país. Esse é o ponto que mais chama atenção. Se alguém tem aptidão empresarial, começar a crescer no ramo, essa iniciativa seria podada? Se isso ocorre, não adianta a abertura. Volta-se ao que era antes.
Aliás, lá atrás, houve uma tentativa de abertura nessa direção, principalmente nas áreas de restaurantes, bares e turismo. O governo interrompeu aquela iniciativa. Agora, por causa de descontentamentos internos, querem voltar àquela tentativa.
O mundo quer saber qual seria esse novo modelo cubano. A ilha conseguiu ficar até hoje num interessante socialismo experimental. Agora quer mudar e todos querem saber se pode ter um país que tenha inciativa privada sem nenhuma desigualdade social.
O governo tem que encontrar alternativas logo. O descontentamento na ilha cresceu. Internet, vídeos, a mídia social estão fazendo a coisa mudar. Apareceu recentemente, como exemplo, uma música com titulo Pátria ou Vida ao invés de Pátria ou Morte que está provocando um fuzuê social. Sinal de insatisfações crescentes. Isso é que estaria empurrando o governo para abrir, aos poucos, o país?
Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.
E-mail: pox@terra.com.br
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