• Cuiabá, 07 de Julho - 00:00:00

Na América Latina

                Dia 26 de março se comemora 30 anos da fundação do Mercosul. Haverá um evento em Buenos Aires, Bolsonaro diz que estará presente. Terá também um encontro particular com o presidente da Argentina, Alberto Fernandez.

                É bom que o Brasil faça essa aproximação. A Argentina é o país que mais compra produtos industrializados do Brasil. O comércio entre os dois lados é robusto. Como Bolsonaro não mostrava interesse numa aproximação, aliás, até criticou o governo dali por ter viés de esquerda, a Argentina também começou a olhar para outros lugares.

                Foi muito comentada a visita que Fernandez fez, poucos dias atrás, ao México. Fala-se em aumentar as relações econômicas entre os dois países. Talvez seja o meio que a Argentina encontrou para ter outro parceiro importante da área, e que está na integração da América do Norte, já que o Brasil não mostrava interesse em aproximação maior. Será que isso é que acendeu a luz amarela e agora Bolsonaro faz acenos ao país vizinho? Até elogiou o governo.

                Tem um assunto da pauta do Mercosul que vai medir essa aproximação. É que o Brasil, junto com o Uruguai, querem maior flexibilização de atos e ações do Mercosul. Hoje um país do bloco só estabelece algum tipo de relação econômica ou comercial com outro fora do bloco se forem todos juntos. Sozinho não pode ir. A Argentina e o Paraguai não querem a flexibilização. Vai ser interessante o encontro em Buenos Aires.

                Outro assunto da América Latina que chama atenção está em Cuba. O regime quer caminhar um pouco mais para o liberalismo econômico. Será permitido, aos poucos e com enorme cuidado, abrir empresas individuais. Hoje se tem 13% da população em atividades “empresarias” sob olhar de perto do governo. Querem abrir muito mais.

                Mas estão dizendo que essa abertura de empresas, marcha lenta para a inciativa privada, não pode criar desigualdade social no país. Esse é o ponto que mais chama atenção.  Se alguém tem aptidão empresarial, começar a crescer no ramo, essa iniciativa seria podada? Se isso ocorre, não adianta a abertura. Volta-se ao que era antes.

             Aliás, lá atrás, houve uma tentativa de abertura nessa direção, principalmente nas áreas de restaurantes, bares e turismo. O governo interrompeu aquela iniciativa. Agora, por causa de descontentamentos internos, querem voltar àquela tentativa.

            O mundo quer saber qual seria esse novo modelo cubano. A ilha conseguiu ficar até hoje num interessante socialismo experimental. Agora quer mudar e todos querem saber se pode ter um país que tenha inciativa privada sem nenhuma desigualdade social.

                O governo tem que encontrar alternativas logo. O descontentamento na ilha cresceu. Internet, vídeos, a mídia social estão fazendo a coisa mudar. Apareceu recentemente, como exemplo, uma música com titulo Pátria ou Vida ao invés de Pátria ou Morte que está provocando um fuzuê social. Sinal de insatisfações crescentes. Isso é que estaria empurrando o governo para abrir, aos poucos, o país?

 

Alfredo da Mota Menezes é Analista Político.

E-mail: pox@terra.com.br



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