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Etanol, momento e preocupação

  • Artigo por Alfredo da Mota Menezes
  • 06/08/2020 09:08:04
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            O embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, está fazendo pressão no governo brasileiro para abrir mais ainda o mercado nacional ao etanol produzido naquele país. Hoje o Brasil importa até 750 milhões de litros de etanol dos EUA por ano sem nenhuma taxação. Acima disso tem uma taxa de 20%.

          Uma maneira de impedir uma invasão de etanol daquele país no Brasil. O trabalho da embaixada dos EUA é no sentido de zerar a taxação sobre a importação do etanol em qualquer quantidade.

            Foi publicado que o embaixador alegava, entre outros motivos, que essa abertura beneficiaria estados nos EUA que produzem etanol e que isso poderia ajudar na reeleição do atual presidente, Donald Trump.

             O embaixador, em nota, negou essa intenção. Em nota também parlamentares do partido Democrata dos EUA reagiram e dizem que embaixador deve defender os interesses dos EUA e não de Trump.

          Independente dessa especifica discussão, se abrir à entrada do etanol norte americano a indústria nacional do setor pode sofrer consequências, incluindo Mato Grosso. Os EUA produzem acima de 62 bilhões de litros de etanol por ano. O Brasil algo como 33 bilhões de litros. Lá a produção é de milho, aqui de cana e milho.

            Fiquemos no caso de MT e sua produção de etanol. O estado tem 13 fábricas de etanol, parte de cana, outras de milho e algumas mistas, com cana e milho. Tem mais cinco fábricas em construção. 

            Etanol de cana esteve à frente da produção do de milho até recentemente. Agora, na safra 2020-21, o de milho começa a superar o da cana. O etanol total do estado, safra 2020-21, passará de 3.7 bilhões de litros. MT consome 1.3 bilhões de litros, o restante é vendido no Acre, Rondônia e Pará. O sonho de chegar aos cinco bilhões de litros, com as novas fábricas, pode ocorrer em uns três anos mais. Viabilizaria o esperado etanolduto.

            Tem outro dado importante nessa equação. A crescente produção de DDG ou o bagaço do milho que serve para a alimentação de gado, aves, peixes e suínos. A produção de DDG no estado, na safra 2015-16, foi de 112 mil toneladas. Na safra 2020-21 pulou para 1.2 milhões de toneladas.

            Isso dá incentivo forte para ter mais produção de milho para etanol e seu subproduto, DDG, e para vender em grãos mesmo. Milho já empata com a produção de soja anualmente. Plantação de milho, cana, mais o etanol e DDG geram mais de 10 mil empregos no estado.

            Tudo isso poderá ter problema se zerar a taxação de etanol americano. Seria interessante um estudo que mostrasse o tamanho do impacto disso na produção de etanol no estado. Ou um debate na Assembleia Legislativa sobre o assunto. Ninguém da classe politica ou empresarial do setor no estado abriu a boca até agora sobre tudo isso.

 

Alfredo da Mota Menezes é Analista Político 

E-mail: pox@terra.com.br    Site: www.alfredo menezes.com..



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