A história de tempos em tempos soterra conceitos, formas e traços culturais de gestão de negócios, tribos, povos, massas, nações, ou mesmo global. Já tivemos os tempos dos mitos, dos heróis e por último vivíamos os das lideranças. Os três morreram. Mas é claro que ainda vamos ouvir a pergunta de como o mundo poderá viver sem ter um líder. Inconformismo da perda.
Mito: nos leva a mitologia que remete a um conjunto de mitos, ou seja, de histórias de uma determinada cultura. Podemos falar de mitologia grega, romana, asteca, nórdica e até brasileira; as lendas indígenas são uma espécie de mito. No senso comum, mito pode significar também “mentira”, “pegadinha”, “absurdo”, que podem ser traduzidas em mágicas ou truques muito usados desde a era primitiva até a entrada do mundo antigo.
Herói: é o termo atribuído ao ser humano que executa ações excepcionais, com coragem e bravura, com o intuito de solucionar situações críticas, tendo como base princípios morais e éticos. Abusivamente aplicado nos governos que vão desde a era antiga até o termino da Idade Média. Os textos bíblicos do Antigo Testamento estão povoados deles.
Líder: é aquele capaz de extrair o melhor de cada indivíduo. É uma pessoa íntegra, entusiasmada e que sabe, ao mesmo tempo, demonstrar firmeza e motivar os colegas. Outras importantes qualidades de um líder são iniciativa, flexibilidade, responsabilidade, determinação, garra, dinamismo, zelo e serenidade. Características típicas dos chefes de nações ou de movimentos sociais. Há em abundância principalmente a partir da transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. Veremos que vivemos historicamente o período das grandes lideranças.
As últimas grandes lideranças se foram ou estão sendo desacreditadas. O que temos são dirigentes burocráticos sem nenhuma condição aglutinadora ou capazes de liderar seu próprio território, imagina o mundo! Na recente história brasileira as lideranças praticamente terminaram ou desidrataram até a construção da reabertura política e produção do texto da Constituição, ao final da década de 1980 para o inicio da de 1990.
No vazio que ficou, o povo foi desenterrar das profundezas do subconsciente histórico os termos antropológicos para aplicar através das pseudo lideranças que já não conseguem mais liderar. Lula “herói” do povo brasileiro, Sergio Moro o” herói” do Brasil e Bolsonaro o “mito” são exemplos. A psicanálise explica; o medo humano o faz regressar a posição fetal, ou seja, um retorno ao útero materno diante da morte. Daí as palavras herói e mito.
Sem mitos, sem heróis e agora sem lideranças a vida segue aqui no planeta terra. Somos a sociedade da transição e dificilmente iremos viver o suficiente para descrever o quarto estágio da humanidade, mas algo é certo. Será muito difícil nós desapegarmos, por isso muitos nem raciocinam mais; Vão na fé. Isso, em partes, explica a idolatria por personalidades, por políticos, por artistas, atletas ou mesmo o ativismo extremo. São as manifestações dos fantasmas de nossa alma. É hora de acordar. Precisamos buscar um futuro e não uma liderança.
João Edison é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso.
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