• Cuiabá, 16 de Abril - 00:00:00

Refletindo sobre a Depressão Pós-Parto

  • Artigo por Lícia Soares Pereira de Arruda
  • 16/03/2017
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A depressão é um dos transtornos que acomete milhares de pessoas mundialmente, e está aumentando cada vez mais no país. Dentre os transtornos depressivos está a depressão puerperal ou depressão pós-parto. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Nascer, coordenado pelas pesquisadoras Maria do Carmo Leal e Silvana Granado, que entrevistaram 23.896 mulheres no período de 6 a 18 meses após o nascimento do bebê, a pesquisa revelou que aproximadamente 25% das mulheres do estudo, sofriam de depressão pós-parto.

Enquanto experiência como Psicóloga Residente de um Hospital de Ensino na cidade de Cuiabá, foram raros os casos em que houveram mães com esse quadro, mas quando surgia algo próximo desse diagnóstico, era possível verificar que apresentavam grandes alterações no humor, como sintomas de tristeza, o que não deve ser confundido com uma depressão pós-parto. Durante o contato com as mães, pôde ser verificado que esse sentimento, muitas vezes, estava relacionado às condições fisiológicas e hormonais após o parto, como também estava ligado às próprias condições de vida dessas mulheres durante a gravidez, as quais experienciaram um período de gestação bastante conturbado, de estresse e dificuldades. Em outros casos, a tristeza estava relacionada às questões pessoais, como o rompimento de um relacionamento durante a gestação e pela própria gravidez não ter sido desejada ou planejada.

Quem sofre de depressão pós-parto demonstra sintomas mais exacerbados ainda, que perduram por um longo período de tempo (semanas ou meses). Os mais comuns são melancolia, tristeza profunda, apatia (perda de vontade, perda do interesse por algo), vontade de chorar o tempo todo e crises de irritabilidade. Segundo as pesquisas já realizadas pelo mesmo Instituto, as mães que apresentam esse quadro são, em sua maioria, de baixa condição socioeconômica, com antecedentes de transtorno mental, com hábitos não saudáveis, como o uso excessivo de álcool, e que não planejaram a gravidez.

Após a instalação dos sintomas da depressão, a grande maioria das mães têm dificuldades para realizar suas atividades, por exemplo, podem perder o interesse pelo trabalho, por atividades como assistir televisão, ler, realizar atividades físicas, dentre outros, como também podem perder o interesse pelos cuidados básicos de si mesma e do seu bebê (como amamentar, dar banho, ter afeto). Nesse contexto, é possível percebermos o quanto a saúde emocional das mães, que são acometidas pela depressão pós-parto, fica fragilizada e instável. Contudo, são imprescindíveis o apoio, o cuidado e toda compreensão necessária a essas mulheres, que em sua grande maioria, são avaliadas negativamente pela sociedade, apontadas como mães que não estão querendo cuidar e amamentar, que não gostam de seus bebês. Por sua vez, sofrem julgamentos preconceituosos e de incompreensão, como se não quisessem “cuidar” de seus bebês.

O diagnóstico de depressão pós-parto pode ser difícil no começo, sendo necessário que a própria pessoa esteja atenta aos principais sintomas e poder falar disso com alguém, com o (a) companheiro (a), familiares, amigos. Por isso é tão importante buscar saber se alguém na família já teve depressão (antecedentes familiares) e principalmente, para quem convive com mulheres com alguns desses sintomas, também estarem atentos ao que elas estão sentindo. A depressão pós-parto tem tratamento e o quanto antes diagnosticada, o sofrimento pode ser amenizado. Assim, existem vários tipos de tratamento, que buscam uma maior e melhor qualidade de vida nesse momento que é tão delicado, sendo o mais comum o tratamento medicamentoso, aliado primordialmente ao tratamento psicológico.

 

Lícia Soares Pereira de Arruda

Psicóloga Clínica - CRPMT 18/02664

(liciaarruda.psi@gmail.com)



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