Bady Curi Neto
A eleição, costumo dizer, é o maior espetáculo da democracia. Através do voto, o cidadão, independente do seu poder aquisito, raça ou credo escolhe seu representante nas casas legislativas e no executivo.
Nas últimas eleições o número de votos nulos, brancos e abstenções tem crescido vertiginosamente. Apesar destes votos não interferir ou influenciar no resultado efetivo do pleito eleitoral, pois são computados apenas os votos válidos, isso demonstra um certo descaso do eleitor em escolher quem irá representá-lo. Poder-se-ia argumentar que votos em branco, nulos ou a própria abstenção são reflexo de uma insatisfação do eleitor com os candidatos e/ou com nossos representantes, mas, com o devido respeito, entendo ser uma omissão ou acovardamento no exercício da cidadania.
Platão, filósofo grego, há mais de 2000 anos já dizia: “Quem não gosta de política está condenado a ser dirigido por aqueles que gostam”. Certa feita, ouvi uma anedota que me chamou atenção: “- Em um restaurante havia duas mesas próximas. Na primeira mesa, quatro amigos participavam de happy hour. Na segunda mesa, estavam quatro congressistas reunidos. Após algumas horas, um indivíduo da primeira mesa resolveu provocar os congressistas e começou a falar em alto tom que no congresso só tinha ladrão, corrupto, safado e preguiçoso. Um deputado, incomodado com as ofensas, levantou de sua cadeira e dirigiu-se a mesa do boquirroto com as seguintes palavras: ‘- O senhor tem toda razão, no congresso tem pessoas de bem, mas também tem corrupto, ladrão, vagabundo, afinal nós representamos a sociedade e fomos eleitos por nossos iguais’.”
A anedota ou a célebre frase atribuída à Platão demonstra a importância de o cidadão participar efetivamente da vida política, votando consciente no candidato que mais representa seus valores e aspirações para sociedade em que vive. Bertolt Brecht, dramaturgo alemão, ensinou que “continuemos a nos omitir da política é tudo que os malfeitores da vida pública mais querem.”
Destaca-se que ao votar em um candidato ao cargo do legislativo, além de conhecer seu passado e suas propostas, deve-se ter em mente seu partido e coligação. “No sistema proporcional são computados não apenas o voto do candidato, mas também, o partido e a coligação que definirão o número de cadeiras com assento na casa legislativa. Sendo assim, o cálculo do resultado final de uma eleição realizada pelo sistema proporcional é feito a partir das seguintes fórmulas: 1º) define-se o quociente eleitoral (QE) pelo número de votos válidos (da eleição) divididos pelo número de cadeiras disputadas (QE = votos válidos / nº de cadeiras) ; 2º) a seguir, calcula-se o quociente partidário (QP) pela divisão dos votos válidos de cada partido político ou coligação pelo quociente eleitoral (QP = votos válidos da legenda ou da coligação / QE).O resultado do quociente partidário corresponderá ao número de cadeiras a serem ocupadas pelo partido político ou pela coligação, ou seja, após o cálculo do QP serão definidos dentro do partido aqueles candidatos que terão sido eleitos dentre os que tiveram mais votos, sendo que a sobra de vagas será calculada pelo número de votos válidos do partido ou da coligação dividido pelo número de lugares obtidos mais um. A vaga será daquele que alcançar o maior resultado.” (https://www.tse.jus.br/institucional/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-eje)
A omissão ou o voto inconsciente carrega consigo não o descontentamento com a política, mas a irresponsabilidade no exercício da cidadania. Façamos a nossa parte para podermos cobrar daqueles que nos representam.
Tenho dito!!!
Bady Curi Neto é advogado fundador do Escritório Bady Curi Advocacia Empresarial, ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e professor universitário.
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