Onofre Ribeiro
Há alguns meses ouvi no rádio do carro uma entrevista na rádio CBN com o escritor Sidnei Oliveira sobre o conflito de gerações dentro das empresas. Uma abordagem sintética do livro de mesmo nome que acabava de ser lançado. Entrei no youtube e localizei a entrevista de 34 minutos no blog do apresentador Milton Yung, da CBN. Ouvi-a, confesso, umas dez vezes.
Há duas semanas participei de uma conversa restrita entre pouquíssimas pessoas sobre o mesmo tema. As informações também convergentes. Há, de fato, um conflito de gerações muito evidente. E não se trata só de uma geração com a outra. São muitas gerações convivendo em diversos estágios. Pode-se dizer que do berço até os 80 anos convivem pelo menos 8 gerações. Nas décadas de 1960/1980 dizia-se que uma geração durava 50 anos. Hoje não passa de dez anos.
Numa empresa podem conviver até quatro gerações. Sidnei diz que a diferença que mais contradiz entre elas é a velocidade de ação. Enquanto o jovem toma uma decisão imediatamente diante do problema, o veterano, o que tem mais de 50 anos, demora muito. Ele explica. O jovem tem um banco de dados muito superficial e toma decisões com poucos filtros. O veterano filtra muito mais porque seu banco de dados é muito abrangente. Demora mas decide melhor. Na prática isso gera conflitos.
A solução mais clara desse tema vi no filme “Um senhor estagiário”, com o brilhante ator Roberto de Niro. O veterano apoia a jovem empresária da área de internet a quem assessora de uma forma não-invasiva. Um sorriso, um olhar, uma palavra. Mas o apoio irrestrito acima de tudo. Interferência só se ele pedir. Mesmo assim sem querer ensiná-la, mas ajudando-a raciocinar porque os caminhos de ambos são muito diferentes.
Na semana passada dei uma palestra onde havia mais de um veterano. A discussão girou em torno do papel dos veteranos no cotidiano frente aos filhos e familiares. Não dá mais pra ensiná-los porque as linguagens são incompatíveis. Exceto num ponto: a referência. O veterano será sempre uma referência de exemplo, de serenidade, de respeito e de estímulo. A menos que decida interferir em tudo. Cada cabelo branco é uma referência de sentimentos e de vivências adquiridos ao longo de muitos anos. Essa linguagem qualquer geração compreende.
Ao final da palestra deixei um recado: os veteranos de hoje podem achar que tudo está mudando depressa demais e que o mundo está acabando. Não está. Está apenas se transformando diferente de outras mudanças de antes. Nem adianta tentar impedir ou pôr o pé na frente. Será atropelado. Os conflitos entre gerações é quem engatam uma na outra e se chama de evolução.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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