Vinícius Bruno ? Especial para o Foco Cidade
O último fim de semana foi de grande tensão para os governos de Estados de diversos países entre os mais de 90 que foram vítimas do maior ataque já registrado de hackers. Um ransomware – que é um tipo de programa de computador que limita o acesso aos dados dos usuários – afetou mais de 120 mil dispositivos no mundo inteiro, entre os quais computadores de hospitais, empresas privadas, bancos entre outros tipos de usuários.
Os computadores afetados receberam mensagens por e-mail que ao serem abertos instalavam um programa (vírus) no computador que criptografava todos os dados do usuário. Para conseguir acessar novamente as informações era cobrado um valor de no mínimo US$ 300, equivalente a pouco mais de R$ 1 mil.
Diversas empresas especializadas em inteligência tecnológica têm alertado para o risco de um novo ataque talvez mais potente que o primeiro, como apontou a norte-americana especializada em segurança digital Proofpoint, nesta quarta-feira (17).
Para entender melhor como se defender dos ataques virtuais, o Foco Cidade entrevistou o presidente da Comissão de Direito Eletrônico da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB/MT), advogado Gonçalo Adão de Arruda Santos.
Evitar danos – A recomendação para não ser vítima de ataques cibernéticos é sempre manter atualizados os sistemas de segurança do sistema operacional. “Mas só isso não basta, precisamos apreender a dizer não a muita "porcaria" que trafega na Internet, ou seja, só acessar conteúdo que tenha certeza que é confiável e que não vai trazer dissabores futuros”, recomenda Santos.
Outra dica é manter um bom programa de antivírus instalado no dispositivo sempre atualizado. “Também é importante ter cuidado com promessas ou benefícios fora do comum que aparecem em propagandas ou e-mails, assim como fugir o desejo do clique por impulso”.
Quanto aos documentos mantidos no computador, smartphone, tablet ou qualquer outro meio eletrônico de armazenamento de dados, o ideal é que sejam feitas cópias em outras mídias fora do computador usual, como em um HD externo – que não tem acesso à internet.
“Isso não evitará ser alvo de um hacker, mas tornará a vida de qualquer programa malicioso mais difícil de ser executada. Prevenção e precaução, esses são os melhores remédios para diminuir dissabores”, declara Gonçalo.
Em casos de ser vítima de ataques cibernéticos, a recomendação é de não entrar em pânico e procurar a polícia, pois se trata de um crime.
Insegurança
O advogado especialista em Direito Eletrônico, Gonçalo Santos explica que no âmbito jurídico, as leis estão ultrapassadas se comparadas com os avanços da tecnologia, o que impõe diversas dificuldades na hora de aplicar sanções a criminosos digitais. Por outro lado, as punições tem ocorrido, quando os criminosos são identificados.
“A legislação brasileira existe e tem punido, quando descobre os agressores. Mencionei quando descobre, porque muitos crimes não são descobertos por falta de policiais ou investigadores especializados na matéria. Uma das maiores doutrinadoras de Direito Digital, no Brasil, a Dra. Patrícia Peck, menciona que - a prova virtual e a prova mais real que existe, pois ela sempre deixa rastros - informação essa a qual me filio”, pondera Santos.
Por outro lado, o especialista informa que a escassez de materiais e de profissionais destinados a busca dos crimes como os ataques hackers torna a solução mais complicada. “Contudo, apesar de já termos avançados muito e solucionados muitos crimes virtuais, o Brasil ainda está longe do ideal na capturada dos criminosos digitais, assim, diante desse contexto, a vítima fica desamparada, principalmente quando o crime está relacionado a publicação indevida de suas imagens pessoais”.
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