Onofre Ribeiro
No correr da semana que passou escrevi neste espaço o artigo “A delação do fim do mundo”. Tratava das revelações feitas à justiça pelo ex-deputado José Riva. Um dos políticos mais emblemáticos de Mato Grosso desde 1994 quando chegou à Assembleia Legislativa. Riva, como sempre foi tratado em todos os setores da vida política no estado, resolveu falar. Pessoalmente nunca acreditei que ele falasse, nem mesmo sob a intensa pressão que recebeu de todos os lados desde 2015. Sem a imunidade parlamentar sem o poder de 20 anos de poder minuciosamente construído, todos sabiam do risco de suas revelações.
Ele resistiu bravamente. Mas não contava com falhas na saúde. Há muitos anos vem lutado com sucessivos tratamentos de câncer. As duas prisões no ano de 2016, provavelmente minaram a sua imunidade emocional. Homens como Riva precisam ser compreendidos na sua extensão. Lembram os líderes messiânicos, que supõem poder arrumar o mundo ao seu modo. Riva era assim. Adversário político impiedoso. Líder carismático e fiel às suas crenças messiânicas.
Depois de sua prisão em 2015 e de ter ficado sem mandato político, caiu no isolamento. Deixou órfãos todos os setores da administração pública, dos servidores públicos, dos poderes e do empresariado. Era o interlocutor preferencial de todos na solução de suas questões com o governo. Tanto, que no governo Silval Barbosa, era chamado de “governador”, tal era a sua influência junto à gestão. Por justiça, não se pode acusá-lo de truculento. Era de muito conversar. Ouvia e opinava com muita propriedade. Ouvi-o dizer diante de muitas demandas de setores empresariais: “pode deixar. Eu vou ver isso com o governador e vamos resolver essa pendência”.
Depois do fim do último mandato de deputado estadual em 2014, seu prestígio submergiu em parte pela conveniência de antigos interlocutores que não querem aparecer junto ao seu nome. Por isso numa nova onda de revelações que virá, pode enroscar muita gente que está à margem da crise moral que assola a política de Mato Grosso. Pode, por exemplo, soprar seus ventos pelas bandas dos palácios do Judiciário, do Ministério Público, do Tribunal de Contas, dos sindicatos do serviço público, de prefeitos, de parlamentares federais de várias legislaturas e de entidades empresariais.
À sombra das revelações de Riva vem a sua saúde e uma certa convicção messiânica de que não lhe resta muito tempo. Daí, rever sua história. Se isso se confirmar muitas pedras moverão de lugar com suas possíveis revelações futuras.
Numa outra ponta do fim do mundo, o ex-governador Silval Barbosa vem aí com o seu banco de revelações. Fim do mundo mesmo!!!!!!!!!!!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso


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