Alfredo da Mota Menezes
Foram apreendidas, pelas forças de segurança do estado, mais de 11 mil toneladas de drogas, 23% a mais que em 2017. Mais de 60% dessas apreensões foram de cocaína e, como subprodutos dela, devem ser acrescentados o crack e a pasta base.
É comum aceitar, porém, que são apreendidos 10% daquilo que realmente entrou num país ou estado. Se aceita essa hipótese veja quanto de droga está entrando no estado. E, deduz-se, se a apreensão aumentou é porque aumentou a quantidade que entra.
Acredita-se que vai aumentar ainda mais a produção de cocaína na Bolívia. Gentes que produziam cocaína onde estava a guerrilha na Colômbia, depois do acordo que acabou com a guerrilha no país, foram escorraçados e vão para onde? Não esquecer que MT tem 900 quilômetros de fronteiras com a Bolívia.
A Bolívia sozinha não tem condições de combater a produção e tráfico de cocaína. Um país que se gaba de ter destinado, em determinado ano, 16 míseros milhões de dólares para o combate aos barões do tráfico mundial. O país expulsou, quando Evo Morales chegou ao governo, o DEA, órgão dos EUA que ajudava lá dentro no combate a esse problema.
E o Brasil, impávido colosso, não move uma palha na direção de um acordo com os bolivianos sobre isso. Seria um acordo para ajudar lá dentro, num trabalho conjunto dos dois países no combate a essa praga.
Não custa nada voltar a números antes publicados por esta coluna. Uma lei na Bolívia de 1970 autorizava o plantio de coca em 12 mil hectares. Ali o uso da folha para chá e mascar é uma tradição secular.
Quando se dizia que plantava 12 mil hectares, os EUA afirmavam que eram 30 mil hectares. Além disso, cada cidadão tem direito de plantar um cato ou 40 metros por 40 metros para consumo próprio.
Evo Morales, que foi presidente do sindicado dos cocaleros do Chapare, chegou ao poder e aumentou em mais 8 mil hectares de plantio legal. Alegou que a população da Bolívia dobrara para 10 milhões de habitantes desde 1970.
Mas é preciso dizer que órgãos do exterior, que monitoram esse assunto, mostram que na Bolívia cada dia mais os jovens usam menos folha de coca para mascar ou para chá. Essa tradição é entre os mais velhos. Há um excesso, portanto.
Confrontado com isso o governo disse que o excesso é para um refrigerante chamado Coca-Colla. Colla é a descendência indígena de Evo Morales. Não parece gozação?
Está sendo negociada a renovação do acordo do gás do Brasil com a Bolívia que vence em 2019. Por que MT e MS não exigem de Brasília, dentro deste acordo vital para os bolivianos, um algo a mais no combate conjunto à droga na Bolívia? Não ficar somente na fronteira, mas trabalhar lá dentro como fazia antes os EUA.
Assunto quente para o governador eleito, se levar em conta os gastos do estado em segurança e saúde pública por causa da cocaína. A hora é agora.
Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente.
E-mail: pox@terra.com.br site: www.alfredomenezes.com
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