Glaucia Amaral
Esse artigo tem dois objetivos: o primeiro é parabenizar as três mulheres eleitas por Mato Grosso no sufrágio de 07 de outubro. Janaina Riva, deputada estadual, num feito histórico, a primeira mulher a ser o parlamentar mais votado de uma legislatura. Rosa Neide, professora, numa campanha sem recursos, surpreendendo ao vencer a vaga para a Câmara Federal, uma mulher sempre atuante, que já integrou o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher. Selma Arruda, vinda do judiciário, alcançou projeção com sua atuação profissional e decidiu lançar-se à vida pública.
Saudações às eleitas e àquelas que tiveram coragem de candidatar-se e exercer a dificílima função de pedir votos. O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, em sua última reunião, um dia após o pleito, teve como pauta a avaliação desse resultado.
Esse o segundo objetivo deste artigo. Dizer que ainda é pouco. As mulheres representam 49,9 % da população de Mato Grosso, conforme o IBGE, e de acordo com a lei eleitoral, os partidos devem inscrever pelo menos 30% de candidatos do sexo feminino (ou melhor, de um determinado sexo. Mas na realidade a maioria tem sido sempre de homens).
Durante as últimas décadas, mulheres vêm ganhando projeção profissional, tendo voz para lutar por igualdade, e ocupando cargos de destaque profissionalmente. No lar, boa parte consegue discutir igualdade de direitos e deveres, muito embora os níveis de violência doméstica sejam alarmantes, subindo em proporção de chamar a atenção de organismos internacionais. Mato Grosso é o segundo estado em índice de mortes por feminicídio, uma marca a ser lamentada.
No entanto, mesmo representando metade dos contribuintes, ou seja, pagar a metade dos tributos, as mulheres não ocupam o local de decisão política. A ausência de jovens, mulheres e negros nos espaços políticos é objeto de inúmeros estudos e tentativas de vencer essa diferença. O ambiente é de embates e ocupado por uma maioria de homens. Essa eleição trouxe ao menos uma alegria: a representação feminina no Congresso Nacional cresceu 15%.
O trabalho de empoderamento – palavra tão usada, que eu gostaria de traduzir em dar auto-estima, fundamental para gerar a coragem suficiente para enfrentar desafios – é necessário para que mais mulheres, conhecedoras das suas rotinas e dificuldades no ambiente social, possam ingressar na política e discutir cada ação do Estado, que, afinal, lhes afetará. Que estejamos não só nas eleições gerais, mas na política comunitária do dia-a-dia, aquela que forja os líderes.
As eleitas por Mato Grosso estão de parabéns, e têm a grande responsabilidade da representatividade. De conhecer e dialogar com as cidadãs que precisam ser ouvidas para as grandes decisões de políticas públicas.
Por estarem lá, sendo o que são, já produzem efeitos benéficos ao olhar de toda a sociedade. Que toda mulher possa se sentir representada pelas três parlamentares de nosso Estado. E que toda menina possa mirar o parlamento e perceber que há iguais lá, de forma que seja natural pensar que os cargos políticos pertencem às mulheres também.
Glaucia Amaral é procuradora do Estado e presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso.
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