• Cuiabá, 28 de Março - 00:00:00

Analfabeto funcional


Alfredo da Mota Menezes 

            Em Mato Grosso, mostrou pesquisa recente, 19% da população de 15 anos ou mais é de analfabeto funcional. No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul tem 17%, Goiás 16% e Brasília 9%. A média nacional é de 16%.

            Analfabeto funcional é a pessoa que frequentou escola, até consegue ler, mas não entende ou interpreta o que leu. Muitos não conseguem nem escrever uma carta. Tem enorme dificuldade em ler um livro. Aliás, pesquisa do Instituto Pró-Livro mostrou que parcela enorme da população não lê livro porque não entende. 

            Especialistas dizem que a saída, para diminuir ou acabar com o analfabetismo funcional, seria alfabetizar todos até os oito anos de idade. Para isso precisa-se de bons professores nos primeiros anos de escola.

             Aquele professor que ensine a ler e fazer interpretações de textos aos alunos. Que estimula a troca de ideias. Ali estaria a base de tudo. Provocar os alunos, fazê-los interpretar o que leram. E para isso se precisa de professores competentes e com entusiasmo.

            Não adianta ter escola bonita, aumentar o número de horas aulas ou os anos do ensino fundamental se não houver estimulo à leitura e à interpretação e quem faria isso seria o bom professor naqueles anos iniciais.

            Quem sabe em MT o governo e algumas prefeituras pagassem um salário a mais por ano para os professores naqueles anos de escolas. E, claro, cobrassem resultados concretos dos que recebessem esse incentivo. 

                 Deveria haver também uma participação maior de pais dos alunos nas escolas. Cobrar para que a alfabetização ocorra nos anos iniciais dos estudantes.

              Muitos pais, por terem ensino gratuito e merenda escolar para seus filhos, se dão por satisfeitos com o que tem na escola pública. Se não houver cobranças há um acomodamento de quem ensina, dando espaço para crescer o número de analfabetos funcionais.

            Os governantes deveriam também mudar o discurso atual que só fala em quantidade e não em qualidade do ensino. Exemplos vêm de Brasília. No governo Fernando Henrique a ênfase foi dada ao número de alunos em sala de aula no ensino básico. Nada de falar em qualidade.

            Como essa área já tinha “dono”, os governos Lula e Dilma optaram em falar na quantidade de alunos que levaram às faculdades com ajuda do Fies em muitos casos. Também ali não falavam em qualidade.

            Estamos criando no Brasil dois tipos de brasileiros desde as primeiras letras. Os pais que têm dinheiro colocam os filhos nas escolas particulares do ensino básico que ensinam melhor. Os mais pobres vão para a escola pública.

              Lá na frente, na hora de ir para a universidade, os mais pobres vão para as particulares e os mais ricos para universidades públicas que são melhores. Se não fosse o sistema de cotas, a distância seria maior ainda.

            Mas, outra vez, diminuir o número de analfabeto funcional não será nunca tema na eleição deste ano, nem aqui nem fora. Candidatos e marqueteiros sabem que o assunto não interessa ao eleitor. 

           

Alfredo da Mota Menezes escreve nesta coluna semanalmente. 

E-mail: pox@terra.com.br    site: www.alfredomenezes.com 




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