Lourembergue Alves
“Em quem votar?” Esta questão se repete diariamente. Só esta coluna já a recebeu um montão de vez. Sem contar das inúmeras vezes que ela é repetida nas conversas nos botequins, nos pontos de ônibus, nas praças, nos corredores escolares e dentro das residências. Apesar da repetição, nada, nadinha se tem como resposta. Ninguém a tem. Esta é a verdade. Desconfie-se, (e) leitor, de quem se diz tê-la. Igualmente, desconfie do político que se apresente como o “salvador da lavoura”, como o “solucionador de tudo” e como o “pau pra toda obra”. Inexiste tal figura no atual cenário político-eleitoral regional e nacional. Não tem a menor chance de que ela, a figura, apareça até as eleições. Por mais que um ou outro eleitor-torcedor venha com a lengalenga de que fulano, ou beltrano ou sicrano é o melhor.
Melhor em que, resta-lhe indagar, “cara pálida”. Se o dito fulano, ou beltrano ou sicrano é o melhor, então o porquê não ajudou, nem tratou de sugerir correções aos desacertos gritantes e grosseiros dos governos que apoiara. Apoiou-o na campanha, e quem pede voto e participa na campanha, ajuda a governar. Não é isso? Tanto é que o fulano, ou beltrano ou o sicrano indicou nomes para compor o secretariado. Se não indicou, aplaudiu os indicados. Tanto que, sempre que podia, lá estava ele nos eventos realizados. Fazia questão de estar nos eventos oficiais, quase sempre a posar-se como “papagaio de pirata”. E, quando não era convidado, fazia cara e bocas, de chateado ou de estar de mau. Mas, horas depois, lá estava ele a “rasgar sedas” com quem detinha a chave do cofre público e contava com a caneta para nomear ou acomodar seus cabos eleitorais e apadrinhados. Não saia do gabinete do governo passado e também do anterior do anterior. Era presença quase cativa de determinadas secretarias, com conversa mole, a rir de velhas e repetidas piadas, advogar em causa própria e a de cuidar-se de interesses particulares e grupais.
Este foi o papel desempenhado pelo político “A”, ou “B” ou “C”, etc., etc., E, agora, com um ar de estranheza dos erros cometidos, acumulados ao longo das gestões anteriores, a exemplo dos atrasos nos repasses aos municípios e do descalabro do MT Saúde, que vem desde 2003, o político “A, ou “B” ou “C” vem com cara de Pilatos ao lavar as próprias mãos. E, não só isso, ousa julgar e condenar o governo atual.
O governo atual - é verdade - foi incapaz de consertar os desacertos que se registram desde 1992. Não mudou em nada o cenário do governo, com gastos desnecessários e com o tamanho gigantesco da máquina da administração pública. Não propôs, nem realizou a reforma administrativa tão prometida. Prometida durante a campanha e repetida à promessa no dia da posse. Pouca coisa do prometido foi cumprida. Ao contrário do que diz uma recente pesquisa, divulgada no âmbito nacional, que registrou a realização de 57,44% das promessas feitas. No entender desta coluna, cabe dizer, a imensa maioria do prometido não saíra do papel ou dos programas de rádio e televisão. Prática, aliás, antiga. Tão antiga que se pode, sem erro, elencar todos os governadores de 1982 até hoje, sem nenhuma exceção. Tal prática que se repetirá a partir de 2018. Disso não se tem dúvida. Até em razão do comportamento do fulano, sicrano e beltrano. Com que cara, eles vêm agora se apresentar ao eleitorado? É isto.
Lourembergue Alves é professor e analista político.
E-mail: Lou.alves@uol.com.br.
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